Iniciativa pela paz replicou gesto do Papa Francisco no Vaticano
Lisboa, 20 nov 2014 (Ecclesia) – A Lugar-Tenência de Portugal da Ordem de Cavalaria do Santo Sepulcro de Jerusalém reuniu esta quarta-feira, no Mosteiro dos Jerónimos, cristãos, católicos e ortodoxos gregos, a comunidade islâmica e a israelita numa oração pela paz.
“Secundando o que o Papa fez, nós não podíamos ficar de fora de algo que nos deve empenhar a todos porque há efetivamente a parte a política e infelizmente de vez em quando a parte militar e de conflito”, explicou o patriarca de Lisboa.
À Agência ECCLESIA, D. Manuel Clemente disse que a sociedade deve manter “este problema” em agenda para que o “abalo” dos “acontecimentos atrozes” não seja momentâneo e esquecido pelo seguinte.
“Temos uma tendência muito forte para esquecermos e deixarmos as coisas na poeira da memória. Não podem, têm de ser tomadas constantemente. Não sabemos como mas sabemos com quem, com Deus e com os outros”, acrescentou o patriarca, que é também grão-prior da Lugar-Tenência de Portugal.
Já para o representante da comunidade islâmica “nunca é demais” fazer uma oração pela paz, “mais concretamente pelo Médio Oriente” porque este conflito é uma “ferida e muitas delas são políticas, sociais, económicas”.
“Duvido muito que exista uma ferida religiosa mas as três religiões estão presentes para dizer que caso haja estamos aqui para remover, sarar, curar esta ferida”, revelou o xeque David Munir.
O responsável religioso da mesquita de Lisboa disse que a sociedade e os portugueses podem fazer mais por esta região, em concreto, “desmistificar aquilo que é dito pelas religiões”, depois conhecer melhor cada uma e “cada cultura” para haver “boa convivência”.
Por sua vez, e em representação do judaísmo, o presidente da Comunidade Israelita de Lisboa assinalou que “todas” as iniciativas de diálogo inter-religioso são “fundamentais” porque o Próximo Oriente é uma questão “religiosa e não somente política”.
José Oulman Carp alerta que conhecer a religião do outro é um passo para a paz, “que é certamente possível”, e explica que “existe uma grande dose de ignorância” das duas partes: “A educação será um grande contributo para essa paz.”
Para o lugar-tenente de Portugal, da Ordem de Cavalaria do Santo Sepulcro de Jerusalém, replicar o gesto do Papa, de junho de 2014, reunindo as três religiões no Vaticano para um momento de oração, pretende chamar a atenção para que as pessoas “não fiquem indiferentes ao drama que se passa no Médio Oriente”.
“A dramática situação que se está a viver requerem a atenção e oração de todas as pessoas de boa vontade”, acrescentou Gonçalo Figueiredo Barros, no Mosteiro dos Jerónimos.
O comissário da Terra Santa em Portugal também esteve presente e destacou que a “paz é possível” quando os homens “quiserem deixar de sofrer” e frisou que atualizar o gesto do Papa “é uma iniciativa de louvar”.
Para o frei Miguel de Castro Loureiro a sociedade e, “sobretudo, nos meios jornalísticos” dá-se muito a notícia “pela negativa” e alerta que é necessário olhar “mais para as coisas boas” que acontecem nesses países do Médio Oriente.
CB/OC