Sete homens casados que responderam sim ao apelo do seu Bispo, para se colocaram na disponibilidade de servir A Diocese de Setúbal vai passar a contar com mais sete diáconos permanentes a partir do próximo dia 7 de Janeiro. Sete homens casados que responderam sim ao apelo do seu Bispo, mas principalmente se colocaram na disponibilidade de servir. Fernando Garcia tem de 67 anos e é casado. Recebeu uma convocação do Bispo com alguma surpresa e foi em diálogo com a mulher que aceitou abraçar o diaconado. Já anteriormente era animador na sua paróquia, da Sobreda, dando apoio na liturgia e catequese, e dirige um centro social paroquial. “Foi uma caminhada importante para a minha vida de cristão, para cuidar daqueles que precisam e com 67 anos sinto-me rejuvenescido”, afirma ao Programa ECCLESIA. A família ressentiu-se um pouco nos primeiros tempos “porque estávamos habituados a estar todas as noites juntos, mas a minha mulher aceita bem e faz questão de partilhar comigo esta caminhada”, afirma Fernando Garcia. Todos tiveram quatro anos de formação: um ano de discernimento e outros três de estudo onde se dedicaram a aprofundar Filosofia, Teologia, a Doutrina Social da Igreja, especialmente a forma de servir sobretudo os pobres, trabalho a que os diáconos se dedicam. Manuel Alberto Sousa Dias, de 55 anos também casado, afirma ter sido numa peregrinação a pé a Fátima que se sentiu questionado sobre o seu papel na Igreja. Numa altura em que pensava não ser para ele o diaconado, aceitou “só com o consentimento da minha mulher. Se não fosse ela não estaria aqui”. Com os filhos “foi complicado no início, mas depois aceitaram bem”, lembra. A Diocese de Setúbal “precisa de diáconos permanentes e há poucos”, explica Manuel Dias, “não sabemos o nosso destino, porque devemos obediência ao Bispo, mas estou pronto para ir onde for preciso”. A mesma visão tem Vítor Santana, de 59 anos. Tem colaborado na liturgia e na assistência religiosa aos doentes na paróquia de Santa Maria, Setúbal: “A ordenação é o início de uma grande responsabilidade quer social e também de representação do Bispo”. José Xavier vivia afastado da Igreja mas a determinada altura. “Tive vários acontecimentos na minha vida e nunca tinha reparado que o Senhor estava neles. Descobri algo de novo que não conhecia e a minha vida deu uma grande volta. Passei a ver os outros de outra maneira”, explica. Aos 62 anos está já reformado e agora mais disponível. “quando o Bispo me fez o convite não fui capaz de dizer não”, pois sempre achou que havia sempre algo a fazer pelos outros, “tenho agora uma oportunidade de uma forma mais consciente e preparada pois tenho formação”. A família também se interessam por este projecto. “No fundo é também uma caminhada para toda a família”, afirma José Xavier. Todos são unânimes em afirmar a bela família que todos formam agora. “Criámos uma amizade muito grande e uma unidade entre todos junto com as sete esposas”. Victor Gonçalves, de 62 anos estará a partir de dia 7 à disposição do Bispo de Setúbal. Também ele casado colabora actualmente na catequese e liturgia na paróquia de Santa Maria do Barreiro. “Espero servir a Igreja e trabalhar com os pobres”. Desejo do também candidato ao Diaconato permanente, António Margalhau, de 63 anos. Sente que tem agora uma responsabilidade maior ao “serviço de toda a comunidade, principalmente dos que mais necessitam pobres, cadenciados e doentes”. Manuel José dos Santos, de 64 anos, considera que devido às carências que a diocese tem e poderá ainda vir a ter, “os diáconos estão na disponibilidade para todo o serviço, porque a sua missão é essa mesma: estar ao serviço”. A ordenação tem lugar na Igreja paroquial de Almada, às 16 horas, e é presidida por D. Gilberto dos Reis, Bispo de Setúbal. Os Diáconos que recebem o sacramento da Ordem, no seu grau próprio, ficam encarregados de animar os cristãos na vocação de serviço, em especial no campo da caridade, na evangelização e na liturgia. São normalmente homens casados, que recebem este ministério para colaborar com o Bispo no exercício do seu ministério pastoral. Este ministério remonta ao tempo dos Apóstolos, mas enquanto ministério exercido de modo permanente deixou de existir durante alguns séculos, sendo depois restaurado pelo II Concílio do Vaticano.