Dia do Consagrado

Mensagem do Presidente da Comissão Episcopal para as Vocações e Ministérios para o Dia do Consagrado 2008 Talvez pareça estranho e surpreendente que o Santo Padre Bento XVI, logo no início da Encíclica Spe Salvi – Salvos pela esperança, ao propor-nos uma reflexão sobre a esperança cristã o faça a partir da vida, do exemplo, do testemunho e da missão de consagração “de uma santa da nossa época” Josefina Bakhita, porque “a esperança, que nascera para ela e a ‘redimira’, não podia guardá-la para si; esta esperança devia chegar a muitos, chegar a todos” (cf. BENTO XVI, Encíclica Spe Salvi, 3). A celebração do Dia do Consagrado ajuda-nos a compreender este gesto, a reafirmar o valor deste sinal e a perceber com renovada lucidez que a esperança de que se fala é a esperança da descoberta Deus e do “encontro com Cristo”, porque “um mundo sem Deus é um mundo sem esperança” (Ef 2,12). Para ser fonte permanente e profética de esperança para o mundo, a vida consagrada alimenta-se da Eucaristia e daí parte para a missão. Em cada Eucaristia revivemos a experiência do encontro dos discípulos com Cristo: “ Mestre, onde moras? (Jo 2,38). Em cada Eucaristia descobrimos as razões da alegria e da esperança e sedimentamos a beleza da fidelidade, deste modo de seguir o Mestre, na radicalidade e na verdade de uma vida de consagração. Aí se fortalece a nossa vocação e se identifica a nossa vida com a vida de Cristo e com o seu mistério de amor e de oblação ao Pai para a salvação de todos. Esta oblação pascal de Jesus faz com que a Eucaristia seja o centro de todo o percurso vocacional a dar diariamente sentido à vida dos chamados ao ministério e à consagração. A Eucaristia torna-se fecunda, pela Palavra que se acolhe, pelo Pão que se reparte, pela Vida de Jesus, o Mestre, que se oferece: “tudo está consumado” (Jo 19,29). Este é o verdadeiro sentido da oblação, da obediência e da liberdade de Jesus que nos abre caminho para a disponibilidade de coração, para a verdade do testemunho de discípulos de Jesus, para a radicalidade da vida de consagrados, luzes de esperança e profetas da cruz e da ressurreição, a anunciar tempos novos e a abrir caminhos diferentes, onde as bem-aventuranças estejam ao alcance de todos. Consolida-se, assim, na Eucaristia a unidade de vida que os consagrados são chamados a testemunhar de forma exemplar. Unir a vocação, a fidelidade e a missão implica aprender diariamente a seguir o Mestre que, dócil ao Pai e animado pelo Espírito, nos propõe viver em pobreza, castidade e obediência. São múltiplos os testemunhos de vivência destes conselhos evangélicos e de santidade dos consagrados, permanentemente alimentados na Eucaristia e daí levados à missão. Ao apresentar como tema para o Dia do Consagrado de 2008 a “Vida consagrada: da Eucaristia à Missão”, no seguimento da exortação apostólica pós-sinodal sobre a Eucaristia, a CEVM, a CIRP e a FNIS propõem à Igreja em Portugal uma oportunidade de viver, reflectir e celebrar este Dia voltado para o essencial e para a centralidade do mistério do amor de Deus pela Humanidade, que se revela, faz memorial e actualiza na Eucaristia. Os consagrados são um belo e visível sinal deste mistério de amor, celebrado na Eucaristia e daí transportado para a vida e para a missão. Que Maria, a Estrela da Esperança, que apresenta o seu Filho à entrada do Templo e às portas da Cidade e do Mundo, seja sempre o modelo a seguir e a mestra da fé a ensinar aos consagrados a pedagogia da confidência de Deus, do silêncio orante, da vivência eucarística, da adoração contemplativa, da fidelidade aos carismas fundadores, da acção disponível, da solicitude atenta, da entrega sem cálculos e do cântico perene do Magnificat, porque Deus continua a “realizar maravilhas na humildade dos seus servos” (cf. Lc 1,41). D. António Francisco dos Santos, Bispo de Aveiro e Presidente da Comissão Episcopal para as Vocações e Ministérios

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