Dia da Mulher: Celebração evoca «dever de informação» e «responsabilização» perante injustiças e falta de dignidade (c/vídeo)

Cláudia Antunes, assistente espiritual e coordenadora da pastoral da saúde das Irmãs Hospitaleiras, valoriza características femininas no acompanhamento dos doentes

Lisboa, 08 mar 2024 (Ecclesia) – Cláudia Antunes, assistente espiritual nas Irmãs Hospitaleiras, diz que importa celebrar o Dia Internacional da Mulher olhando para “um caminho necessário a construir” porque, lamenta, mesmo em Portugal “há dignidade que não é reconhecida”.

“Há um caminho que se está a percorrer e infelizmente há muitas zonas do globo onde a dignidade da mulher ainda não é respeitada e valorizada. Há um caminho a fazer. Este dia não é para desvalorizar, há que marcar, mas dar passos concretos na dignificação da mulher. É um caminho que temos de continuar a fazer”, sublinha a também coordenadora da pastoral da saúde das Irmãs Hospitaleiras.

A responsável indica ainda que esta celebração, reconhecida pelas Nações Unidas desde 1975, chama ao dever de “informação e responsabilização”.

“Olhando para o nosso país, há situações à nossa volta em que as mulheres não são reconhecidas. Há que ter isso em atenção. Há claramente uma responsabilidade de nos informarmos”, sublinha.

Cláudia Antunes fez a sua formação inicial em Matemática e durante muitos anos trabalhou na carreira bancária, mas reconhece que, fruto de um amadurecimento “e sede de Deus”, sentiu necessidade de estudar Ciências Religiosas.

“Sempre gostei do raciocínio, perceber as causas, o caminho da lógica – ainda hoje é assim na minha vida – e procuro fazê-lo também na leitura do mundo interior. A área da Matemática sempre me estimulou, e via-me a exercê-la de uma forma concreta, mas as ciências religiosas vieram responder a uma sede minha de Deus. Em determinada altura essa escolha impôs-se”, recorda.

“Depois de tirar o curso de ciências religiosas, mantive-me na banca mas percebia que claramente a minha vida não passaria por ali”, retrocede, e, respondendo a um recrutamento para assistente espiritual numa unidade hospital das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus, em Lisboa, muda de vida.

“Pessoalmente é um privilégio enorme. A assistência espiritual toca o mais sagrado das pessoas. Eu vejo-me como facilitadora do encontro da pessoa consigo mesmo, com o mais profundo de si, com os outros e com Deus. Aprendo muito com as pessoas”, sublinha.

Na assistência que presta, inserida numa equipa de trabalho que cada unidade hospitalar da congregação tem, Cláudia Antunes reconhece características, no feminino, que marcam a realização deste acompanhamento.

“A persistência e resiliência feminina, não desistimos da outra pessoa. O amor gratuito que apresenta traços até maternos de cuidado, o respeito pelo tempo da outra pessoa”, são traços que valoriza.

A coordenadora da pastoral da saúde das Irmãs Hospitaleiras é convidada do programa ECCLESIA para fazer a análise dos textos litúrgicos do IV Domingo da Quaresma que, indica, conduzem as pessoas “à responsabilidade e ao compromisso” que a participação no ato eleitoral do dia 10 de março induz.

“As palavras vida, esperança, compromisso, amor são as mesmas que devem levar à participação no próximo ato eleitoral e na celebração do Dia Internacional da Mulher. Se eu estou atenta a sinais, se me tocam e me interpelam, isto pede um compromisso e responsabilidade. Isto está patente quando pedem a nossa participação nas eleições e na defesa da dignidade da mulher”, conclui.

No próximo domingo, decorre a eleição legislativa que vai escolher o próximo governo em Portugal.

LS

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