Dia da Mãe: «É um dever meu e um prazer meu ir à prisão ver o meu filho» – Mãe de recluso (c/ vídeo)

A “realidade dolorosa” de quem não viu o filho crescer “porque aos 16 anos foi preso”

Lisboa, 01 mai 2021 (Ecclesia) – ‘Catarina’ (nome fictício) é mãe de cinco filhos, um deles em reclusão, e partilhou com a Agência ECCLESIA que é uma realidade “bastante dolorosa” mas que “uma mãe perdoa”. 

“É um dever meu e um prazer meu ir à prisão ver o meu filho, por muito mal que fizessem a outras pessoas, e isso magoava-me muito por isso nunca fui a julgamento nenhum, apesar disso, gosto deles e são meus filhos, uma mãe perdoa mas é muito doloroso”, disse à Agência ECCLESIA. 

Em tempo de pandemia, com as visitas suspensas, ‘Catarina’ não vê o “filho há mais de um ano”, algo “muito doloroso”, falam ao telefone de vez em quando, dando-lhe conforto e coragem, e sonha com o dia em que ele saia do estabelecimento prisional. 

“Espero com muita ansiedade para que volte para casa, o que mais queria é que eles estivessem todos em casa, eu não o vi crescer, porque aos 16 anos foi preso, não o vi namorar, não o vi estar na mesa connosco nas épocas especiais, não cresceu connosco; eu digo que ele não viveu, só viveu na prisão”, lamenta. 

‘Catarina’ acredita que é uma “luta que vai ter de ter” para que o filho ao sair se “encaminhe e reintegre no mundo do trabalho”, uma vez que “tem cá fora uma filha de 10 anos que não viu crescer”.

Esta mãe conta que a sua vida tem sido muito difícil, casou muito cedo, sofreu “muitos maus tratos do marido”, foi mãe aos 16 anos e foram muitas as “necessidades e dificuldades” porque passou.

“Fui-me habituando às agruras da vida, com cinco filhos é normal, com dois que enveredaram por maus caminhos, foi muito mau e eu culpabilizo-me, a mim e ao meu marido, por eles terem enveredado por esses caminhos, faltava-lhes quase tudo em casa, podia não faltar a comida mas faltava tudo o que os outros meninos da escola tinham”, recorda.

‘Catarina’ relata que foi “muito cedo” que apanhou o filho mais velho a “roubar chocolates no supermercado” e sentiu “muita culpa”, teve várias depressões, recorreu a medicação mas foi depois tornando-se uma “pessoa forte”.

“Apesar de tudo consigo sempre levantar a cabeça, depois das muitas depressões, há muitos anos cheguei a tentar suicídio, depois fui medicada e consegui passar por cima… Eu sinto que Deus é que me dá a força para aguentar os tombos e os pontapés da vida”, reconhece ‘Catarina’. 

A entrevistada lamenta que “estava descrente” mas que a fé a foi acompanhando, sentindo “um conforto” e atualmente pede “muito pelos filhos mas agradece também muito”.

Atualmente ‘Catarina’ encontra “razão de viver e alegria” nos netos, um deles de quatro anos que vive consigo “dia e noite”, que a faz “lutar pelos outros, andar de pé e ganhar força”.

HM/SN

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Agência ECCLESIA

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