Determinado em propor mudanças

Em Vila Real, D. Amândio Tomás quer rever métodos pastorais, apostar na formação, propor aos padres menos missas de afogadilho e aos leigos menos sacramentos recebidos com leviandade D. Amândio Tomás iniciou o seu ministério episcopal em Vila Real e quer propor mais catequese e travar uma religiosidade assente apenas na prática sacramental, sobretudo quando ela tem motivações sociais. Para travar é também a “hemorragia” dos transmontanos para as cidades do litoral, o que pressupõe a criação de condições que permitam vida economicamente estável no interior. Na celebração de acolhimento do Bispo Coadjutor da Diocese de Vila Real, conheceram-se as determinações de quem voltou à sua terra. “Voltei para anunciar Cristo”, referiu D. Amândio Tomás às centenas de transmontanos que acolheram com orgulho um Bispo transmontano, saudando-o ao longo do cortejo entre o Governo Civil da cidade e a Sé da Diocese que antecedeu a Eucaristia de início de ministério, neste Domingo. Às dezenas de sacerdotes e leigos que ouviram expôs, na homilia da missa, um conjunto de ideias para a dinamização de todos os católicos na região. Ponto de honra para o ministério do Bispo Coadjutor é tudo fazer de acordo com aquele que é o Bispo Diocesano, D. Joaquim Gonçalves. “Tudo farei com o meu bispo e nada contra ele”. Parceiro no ministério episcopal em Vila Real, D. Amândio quer contar com a proximidade e orientação de D. Joaquim, agora em recuperação do transplante cardíaco a que foi submetido. “Ajudai-me a ajudar o nosso bispo. Nós precisamos muito dele, do seu conselho, da sua experiência”, referiu. Nesta Diocese, D. Amândio está determinado em revestir a prática das comunidades cristãs de convicções profundas. Para isso, disse ser preciso apostar na catequese, revendo métodos de coordenação e animação pastoral na Diocese. A todos, sacerdotes e leigos, D. Amândio pede que “não se deixem intimidar pelas ameaças do laicismo e do relativismo”, reagindo a uma cultura que quer calar Cristo e os valores irrenunciáveis do cristianismo, como o valor da vida, da dignidade humana e do bem comum. “Sonho com cristãos comprometidos a animar a vida pública e a transformar por dentro a sociedade como locomotivas que arrastam, que contagiam, que galvanizam, opondo-se ao marasmo, à cobardia ao medo e à apostasia da fé”, referiu. Menos missas de “afogadilho” Para dinamizar a Igreja na Diocese, D. Amândio Tomás sugere “trabalho em rede”, a envolver padres, religiosos, movimentos. “Não sejais preguiçosos na vossa dedicação”, pediu o Bispo Coadjutor da Diocese, apostado em promover trabalhos de conjunto e não no isolamento de cada “quintal”. O trabalho pastoral dos padres da Diocese mereceu conselhos muito claros do Bispo que chegava a Vila Real: “mais catequese”, “menos sacramentos recebidos sem convicções” e “menos missas de afogadilho”. “Devemos apostar em menos missas de afogadilho, umas atrás das outras, para cumprir um programa, e mais catequese, sem contudo desprezar a eucaristia que é o coração da Igreja, que é fonte e ápice da sua actividade”. D. Amândio Tomás referia-se à necessidade de preparação dos sacramentos que merecem maior visibilidade social, nomeadamente o baptismo e o crisma e o matrimónio, e à grande sobrecarga que afecta os padres e outros ministros ordenados diante das solicitações dos muitos “serviços religiosos”. Para D. Amândio, é necessário “mudar de estratégia pastoral. Não podemos multiplicar missas e sacramentos”. Na homilia da missa, repetiu a necessidade de “mais catequese e de mais formação de pessoas e de consciências e de menos sacramentos recebidos com leviandade, a cumprir programas, sem convicções, recebidos por motivos fúteis”. Contra o despovoamento Às preocupações eclesiais, D. Amândio acrescenta as sociais e económicas, nomeadamente as que motivam o constante despovoamento daquela região transmontana, que “é de todo o interior de Portugal”, como constatou em declarações à comunicação social. Diante da “hemorragia de gente que vai para o litoral”, o Bispo Coadjutor de Vila Real afirma a necessidade extrema de “fixar as populações, de criar as possibilidade para as pessoas não emigrarem”. Convicto de que as pessoas não vão para o litoral por “mero prazer”, D. Amândio Tomás afirma a necessidade de combater as razões económicas que levam os transmontanos a emigrarem, criando condições económicas que façam com que “as pessoas tenham possibilidades de viver aqui condignamente. O Bispo de Vila Real D. Joaquim Gonçalves é Bispo em Vila Real há 20 anos. Primeiro como Coadjutor e, desde 1991, como Bispo Diocesano. Na noite do dia 12 para o dia 13 de Janeiro foi submetido a um transplante cardíaco, no Hospital Universitário de Coimbra. O Bispo da Diocese transmontana fora internado, no dia 16 de Outubro de 2007, no Hospital Santos Silva, em Vila Nova de Gaia, onde se sentiu mal durante uma consulta. Posteriormente foi transferido para Coimbra. A sua saúde fez com que pedisse ao Papa Bento XVI um Bispo para o ajudar no trabalho de animação pastoral da Diocese, tendo sido rápida a nomeação de D. Amândio Tomás para Bispo Coadjutor. Na mensagem que dirigiu à Diocese para este dia, D. Joaquim Gonçalves pediu uma recepção “em festa” àquele que será o Bispo de Vila Real “daqui a algum tempo”. É a convicção do Bispo que garantiu, na mensagem lida no início da celebração de início de ministério do seu Coadjutor, estar a recuperar bem do transplante cardíaco a que foi submetido. Bispo Coadjutor Na maioria dos casos, é uma necessidade especial – muitas vezes problemas de saúde – que exige que se dê ao Bispo diocesano um Bispo Coadjutor para o ajudar. O Bispo coadjutor é nomeado por iniciativa da Santa Sé e, ao contrário dos Bispos auxiliares, goza do direito de suceder ao Bispo diocesano quando este cessa as suas funções. “Vagando a sé episcopal, o Bispo coadjutor torna-se imediatamente Bispo da diocese para a qual fora constituído”, refere o cânone 409 do Código de Direito Canónico (CDC). O decreto Christus Dominus, do Concílio Vaticano II, sobre a missão pastoral dos Bispos na Igreja refere que “o Bispo Coadjutor, isto é, aquele que é nomeado com direito de sucessão, sempre há-de ser constituído Vigário Geral pelo Bispo diocesano”. Em casos particulares, a autoridade competente poderá conceder-lhe faculdades mais amplas. FOTO: Mensageiro Notícias

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