Desintoxicação e cuidado do coração

P. José Frazão Correia sj

Quanto bastará para termos o necessário? Poderemos guardar no coração o desejo de renunciar ao supérfluo para viver só do necessário? Estas foram questões deixadas pelo P. Provincial no Fé e Cultura.

1. Para guardar no coração o que for mais preciso e precioso

Regista a apresentação desta 28ª edição do Fé e Cultura que «chegam até nós dados, relatos e evidências de um mundo intoxicado», de modo que «a toxicidade está presente em vários graus e em muitas dimensões das nossas vidas: afecta o planeta que habitamos, as construções sociais em que nos movimentamos, as relações que estabelecemos». Como antídoto, somos convidados para este dia de conversas – possivelmente, seria mais desintoxicante um dia de silêncio. Espera-se que sejam conversas para desintoxicar, em três actos: 1. Centrar; 2. Consertar; 3. Concentrar. Propõe-se «ajudar a focar no essencial, a conhecer exemplos práticos de como descomplicar, promover a dimensão espiritual da vida e ir ao encontro da nossa verdadeira identidade para guardar no coração o que for, de facto, preci(o)so». Por fim, promete fazer-nos «sair de alma lavada», – grande promessa, esta, e muito arriscada. Irá a organização restituir o valor da inscrição a quem não ficar totalmente satisfeito com a prometida lavagem da alma? No final do dia, diremos uns aos outros se saímos com o coração mais vazio do supérfluo, que é sempre o que está a mais e não serve para nada, excepto para pesar e atar o coração, e mais cheios do essencial, aquele necessário sem o qual não vivemos bem.

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