Desenvolver a fronteira, potenciando a pessoa humana

I Jornadas Transfronteiriças entre Guarda e Salamanca chegam ao fim As I Jornadas Transfronteiriças que ontem encerraram na Guarda e que durante dois dias juntaram entidades em torno das questões de “Pobreza e Desenvolvimento”, potenciaram uma dinâmica com vista à promoção e desenvolvimento desta zona de fronteira. As acções que potenciem iniciativas de emprego são uma forte aposta e uma das conclusões a que o encontro deu destaque. Parcerias fortalecidas e mais organizadas entre as Cáritas da Guarda e de Salamanca, responsáveis pelas Jornadas em parceria também com Universidade da Beira Interior que pode, enquanto observatório permanente social e económico, “funcionar como barómetro para que as intervenções sejam mais aplicadas”, foram também projectos equacionados. A par destas iniciativas foi apontada a “necessidade de dinamizar a zona raiana através de agentes de desenvolvimento da comunidade”, conforme explica à Agência ECCLESIA, Paulo Neves da Cáritas Diocesana da Guarda. Partindo precisamente de um estudo que analisava a realidade sócio económica da realidade transfronteiriça, o envelhecimento progressivo da população, com a consequente desertificação humana das regiões da Guarda e Salamanca, pobreza e desigualdade em toda a zona com taxas superiores aos níveis nacionais, ganharam evidencia. “Constatámos um défice de políticas de desenvolvimento para esta zona e uma atitude passiva de grande parte da população para o combate aos problemas, que tem consequências na falta de expectativas de futuro”, sublinha o responsável da Cáritas. Por isso a aposta “tem de ser na pessoa humana”, destaca Paulo Neves, “com os seus recursos e com as suas muitas potencialidades que precisam vir ao de cima”. A comunidade cristã “tem a vantagem de estar próxima das pessoas, e usando a espiritualidade e os seus objectivos próprios pode envolver-se nesta procura de respostas”. O contexto comunitário e a comunidade cristã propriamente “podem dar um contributo imprescindível neste campo”, com desenvolvimentos na área do turismo, no ambiente “citando apenas alguns”. O essencial é desenvolver as relações de proximidade e a necessidade de formar agentes que trabalhem no desenvolvimento da comunidade para que possam ter respostas mais eficazes. Mas também “o Estado pode e deve adequar as suas políticas no sentido de uma descriminação positiva destas regiões”, através de uma maior delegação nas instituições, nas comunidades e nas estruturas locais que por terem uma relação de maior proximidade com o local “têm também a possibilidade de intervir com mais autoridade e eficácia junto das pessoas”, afirma Paulo Neves, numa zona onde faltam “acessibilidades, porque falamos de uma zona envelhecida e a falta de acessibilidades dificulta ainda mais as deslocações, falta de tecnologias de informação, de uma atenção a públicos mais vulneráveis como os idosos”. O fortalecimento das relações e parcerias entre as duas Cáritas foi considerado “essencial”. Em vista está uma maior organização e até “profissionalização dos recursos que temos”, para caminhar no sentido de uma maior organização conjunta. “Sabemos que a Caritas tem de estar envolvida e trabalhar em parceria porque sozinhos não podemos fazer muita coisa”. A participação nas Jornadas Transfronteiriças destinava-se precisamente a “envolver instituições civis e religiosas que trabalhem com as questões sociais”, explica Paulo Neves, dando conta que vai havendo uma abertura crescente para esse trabalho. Notícias relacionadas Conclusões das I Jornadas Transfronteiriças: “Pobreza e Desenvolvimento”

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