Comunidade de Santo Egídio promover Marcha pela paz No Dia Mundial da Paz, uma marcha pela paz. Uma organização da Comunidade de Santo Egídio, que contou com a participação de outras religiões, porque o valor da paz não conhece rostos ou credos. Entre a Igreja dos Mártires e a Igreja das Chagas, em Lisboa, no primeiro dia de 2008, muitas pessoas caminharam mostrando que a paz é responsabilidade de todos. Em 2007, a comunidade reuniu-se em 152 cidades onde habitualmente se encontra, ou para orações ou para caminhadas pela paz. Estas incitavas culminam em Roma, ao final da manhã, com o Angelus do Papa, a partir da Praça de São Pedro. À semelhança dos anos anteriores, também este ano muitas capitais europeias e outros países em horários diferentes, saíram para a rua para manifestar o desejo de paz para o mundo inteiro. Este é o sinal a dar no primeiro dia do ano. “Cada vez mais tem de se trabalhar pela paz”, refere Isabel Bento, responsável pela Comunidade de santo Egídio, em Portugal, acrescentando que esta atitude nunca passa de moda. Há muitos países em guerra, “as notícias mostram essa realidade”, por isso é importante nunca cessar “o alerta confirmando ser possível trabalhar pela paz”. Numa actividade em que juntaram várias religiões, Isabel Bento afirma que esta é uma responsabilidade de todas as pessoas, “crentes e não crentes”. Combatendo a ignorância, é preciso dizer que “há muitas pessoas que trabalham pela paz, em encontros, em reuniões, tentando abater muros de divisão”, sendo esta manifestação pela paz apenas “uma forma pública de o fazer”. Nas instâncias internacionais, “há muito por fazer”, admite, mas a responsável pela Comunidade de Santo Egídio, em Portugal, acredita que “devemos de trabalhar mais”. Referindo-se à Mensagem do Papa para o Dia Mundial da Paz, sobre a “Família Humana, Comunidade de Paz”, Isabel Bento refere que apesar de o núcleo familiar ter mudado na sociedade, “existe uma responsabilidade enquanto família humana”. “Se dentro das nossas famílias não conseguimos trabalhar pela paz e concórdia, fora é difícil”, adianta. Falar sobre “a família de todo o género humano” abrange todas as pessoas, de todas as religiões, que “muitas vezes se sentiam excluídas”. Este é “um passo sério no futuro”. Celebrando 40 anos da Comunidade de Santo Egídio, este marco assinala “uma idade adulta”. O encontro de Nápoles que a Comunidade viveu em Outubro de 2007, com o tema «Por um mundo sem violência: religiões e culturas em diálogo», “foi um marco decisivo, mas que abre perspectiva para outros 20 anos de caminho”. Também presente na marcha pela paz, Paulo Borges, Presidente da União Budista, aponta que esta iniciativa, tal como todas as que visam a paz, são importantes. “Estas são iniciativas fundamentais, mas que devem ser acompanhadas por um trabalho interior”, aponta. De pouco adiantará ir para a rua falar de paz se “não se reflectir sobre o que vai na mente e no coração e se faltar um trabalho interior pela paz, manifestando depois para o exterior”. O Presidente da União Budista, aponta que regularmente a opinião pública precisa que a chamem à atenção para a necessidade de se trabalhar para a paz e que cada um, no seu mundo, é responsável por este trabalho. “Seremos responsáveis pelo bem, mas também pelo mal que acontece”. Mário Mota Marques, membro do Conselho Nacional Bahá’í, presente também na marcha, aponta que a dignidade da pessoa humana é importante e para haver paz, tem que haver acções concretas do homem. Esta é uma delas. Admitindo que a guerra continuará até os homens quererem, Mário Marques aponta que a eficiência destas acções “mede-se por cada um. Basta que cada um queira trabalhar pela paz, para que esta acção ou outra, seja eficiente”. Teresa Rebelo Andrade, da Comunidade de Santo Egídio, explica que a palavra paz está gasta. “É preciso que as pessoas se juntem”, independentemente da religião ou raça, e que mostrem que “há que fazer alguma coisa pela paz”. Parar, pensar, acções que começam interiormente, para mostrar que “temos que nos mexer”.