Desânimo não serve a causa da educação

Roberto Carneiro lembra que educar é um risco e uma oportunidade Agência ECCLESIA – Educar é um risco? Roberto Carneiro – Educar é sempre um risco, mas sobretudo uma oportunidade, a oportunidade de ir às questões de fundo: a liberdade, de educar e de aprender, na qual se insere a liberdade da Escola Católica de poder, plenamente, afirmar o seu projecto educativo. Também importam as questões do sentido da educação, da escola e da vida, procurando saber como é que a Escola pode facilitar a busca do sentido da vida dos seus alunos. Importa ainda, mesmo que tenha risco, a ideia de abraçar o futuro com esperança. Há que recordar os quatro pilares da aprendizagem do futuro: aprender a ser, aprender a fazer, aprender a conhecer, aprender a viver juntos, valores fundamentais de humanidade e de renascimento que têm muito a ver com valores cristãos. AE – Há demasiado desapontamento quando se fala de educação? RC – Não se pode educar no desânimo e o que eu vejo na nossa Escola é que está desanimada, falta-lhe alma. É preciso insuflar uma nova alma na Escola, mesmo que as pessoas tenham dificuldades. Há um futuro a construir, um património nas nossas mãos que está ao nosso alcance construir com sentido positivo. A Escola Católica, neste sentido, deve ser profética, como a Igreja o é, sabendo ler os sinais precoces do futuro e afinar um projecto educativo de valores, que hoje todos procuram: humanidade, solidariedade, competitividade, com certeza. Só a Escola Católica, na sua autenticidade, os pode propor à sociedade contemporânea. AE – As propostas educativas não tendem a ser monolíticas? RC – Justamente, o problema está na utilidade imediata, no sentido do utilitarismo pragmático, como se a Escola tecnocra-ticamente tivesse de servir propósitos económicos, empresariais ou ganhos materiais de curto prazo. Contudo, toda a ideia de educação, desde a Paideia grega até aos grandes filósofos da educação dos nossos dias, tem a ver com as questões interiores da pessoa: a liberdade, a formação da personalidade, a felicidade humana – que é aquilo que está em causa -, e o sentido do equilíbrio entre material e espiritual. AE – Isso é válido para qualquer projecto educativo? RC – É nesta viagem interior do homem e da comunidade escolar que a educação, qualquer educação, tem de se envolver e amadurecer. Por isso, importa que existam projectos educativos fortes, mais a mais numa altura em que, como nunca, se fala na autonomia das escolas e de valores educacionais. Esta é uma grande oportunidade para a Escola Católica, que tem uma proposta sólida, concreta, robusta a fazer numa sociedade sedenta de projectos e valores de aprendizagem.

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