Desafios da «cidadania eucarística»

Fazer da celebração da Eucaristia uma fonte do compromisso de solidariedade para com os mais pobres e os excluídos foi a dinâmica de fundo do Congresso Eucarístico Inter-paroquial que decorreu este fim-de-semana na Lourinhã, Ribamar e Santa Bárbara. Tendo como tema “Eucaristia/Comunhão – Projecto de Fraternidade”, cerca de 30 comunidades foram desafiadas, ao longo destes três dias, a assimilar os desafios de uma “cidadania eucarística”. O Pe. Joaquim Batalha, responsável pelas três paróquias, explica à Agência ECCLESIA que “partilhar o pão é partilhar a vida, inserir-se na prática de Cristo”, pelo que a dinâmica do Congresso procura acompanhar as propostas feitas pela Igreja neste Ano da Eucaristia. Manifestando a sua satisfação pelo decorrer dos trabalhos, preparados desde Outubro de 2004, o Pe. Batalha destaca as várias reflexões apresentadas, a partir das quais foi elaborado um documento conclusivo, sob a orientação de Acácio Catarino, que visam retirar consequências práticas destes dias. “Uma das ideias-chave apresentadas foi a da cidadania eucarística, com a qual se pretende gera algumas acções que promovam respostas aos desafios que a atenção à Eucaristia nos levanta”, assinala. O Congresso encerrou-se com uma grande celebração, na Louricoop., presidida pelo Cardeal-Patriarca, D. José Policarpo, juntando mais de 1.500 pessoas. Conclusões O Congresso Eucarístico Inter-paroquial, das Paróquias de Lourinhã, Ribamar e Santa Bárbara, teve por lema “Eucaristia – Comunhão e Projecto de Fraternidade”. Este congresso começou a seguir à Páscoa, nos grupos paroquiais, com o estudo de oito temas e que culminou em 10 sessões realizadas na Lourinhã, nos dias 18 e 19 de Junho de 2005, aprovando as seguintes conclusões, que são também recomendações para a vida e programação pastorais. 1º. A Eucaristia é a realidade central do cristianismo. Ela está no centro da Igreja e de cada cristão, dentro dos templos e em todos os locais e situações da vida humana. 2º. Há todas as razões para se manter, actualizar e desenvolver a devoção tradicional ao Santíssimo Sacramento. Desde sempre, esta devoção esteve associada a actos de culto e à promoção de fraternidade, através de irmandades do Santíssimo e ajuda mútua; a) Na linha cultual, justifica-se aprofundar a vida sacramental, difundir a celebração da palavra, aprofundar a meditação pessoal e em grupo, não só a partir de leituras bíblicas e doutrinárias, mas também com base nas realidades do dia-a-dia e nos problemas sociais. Importa acentuar a estreita complementaridade da acção e da contemplação; b) Ainda na linha cultual, importa assumir a Eucaristia como fonte de comunhão: comunhão com Deus e com o género humano. A comunhão divina dinamiza a comunhão humana; e esta concretiza a comunhão divina. Os ministros extraordinários da comunhão acham-se, especialmente vocacionados para a síntese da comunhão divina e humana. 3º. Na perspectiva social, pode falar-se de “cidadania eucarística”, fortemente empenhada numa ordem económica, social e cultural diferente. Esta ordem orienta-se para o Reino de Deus, no qual se sintetizam a bem-aventurança eterna e a felicidade humana. A nova ordem económica, social e cultural não é redutível a nenhum partido político ou projecto social, mas pode influenciá-los a todos. Pode até dar origem à “conversão” permanente, através da qual se procura, em simultâneo, melhorar o bem comum e a cooperação entre todas as forças políticas. 4º. No âmbito das nossas comunidades, recomendam-se três linhas orientadoras da acção social, à luz da Eucaristia: a) “Solicitude para com todas as pessoas, sobretudo as mais carenciadas (crentes ou não); b) “Contributo para a solução de problemas sociais”; c) “Participação activa no desenvolvimento harmonioso da sociedade”. Esta acção social deverá realizar-se nas famílias, nos grupos e nas instituições, através do diálogo, do testemunho e da co-responsabilidade solidária. 5º. Em toda a acção social, os cristãos leigos deverão assumir a sua condição secular; aí se realiza a evangelização relacionada com a transformação do mundo. 6º. Dado que a Eucaristia é fonte de vida, deverá ser vivida em espírito jovem. A vida eucarística será rejuvenescida, especialmente, nas próprias actividades dos jovens e na maneira como as comunidades cristãs se adaptarem a eles e contribuírem para o seu desenvolvimento. 7º. A família é um espaço, por excelência, da partilha e comunhão. A partilha de vida, que aí acontece, será tanto mais consequente quanto mais a vida familiar se basear no respeito mútuo, no diálogo, no testemunho e no aperfeiçoamento comum. 8º. À semelhança de Maria, saibamos ser templos da Santíssima Trindade – expressão suprema da dignidade humana. Daqui resultam duas orientações fundamentais para a nossa vida cristã: a adoração permanente – lausperene; e o compromisso, também permanente, a favor da dignificação humana com todas as pessoas e em todos os lugares. Este é também o sentido profundo da missionação e do “projecto de fraternidade”. Em suma: a Eucaristia é comunhão e é projecto de fraternidade – tema do Congresso Eucarístico Inter-paroquial. Lourinhã, XII Domingo do Tempo Comum, 19 de Junho de 2005

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