Da Vinci, do Livro ao Cinema

Com uma enorme campanha de publicidade e jogando forte na criação de polémica com a Igreja, a estreia de “O Código Da Vinci”, primeiro no Festival de Cannes depois nos mais diversos mercados, foi um absoluto fracasso em termos de acolhimento por parte da crítica, enquanto a polémica se limitou a alguns meios sem grande repercussão. Na maior parte dos casos o filme foi encarado na sua verdadeira natureza, um trabalho de pura ficção. O próprio realizador, Ron Howard, declarou que tinha realizado um filme de entretenimento e não de teologia. Não esconde, na narrativa, a natureza lúdica e de ficção de tudo o que apresenta, criando intencionalmente, desde o início, um ritmo de thriller e de mistério que só peca por não ser em geral atingido. Muito aquém das perspectivas tudo não passa da descrição dos trabalhos de um cientista e uma criptóloga, que através das mais diversas fontes, incluindo textos apócrifos, se convencem da existência, nos nossos dias, de descendência de Cristo, o que permitiria a abertura de uma nova época para o Cristianismo. Mas tudo acaba em vírgula, com a prudente declaração que o mais importante é a Fé e não as suas formas de expressão. “O Código Da Vinci” nem sequer merece a corrida do público que certamente se irá verificar, mais em função de uma curiosidade que lhe foi induzida que pela qualidade das aventuras vividas pela mão dos pouco expressivos Tom Hanks e Audrey Tautou. Mesmo para um espectador de formação menos que mediana, a natureza fictícia da obra é por demais evidente, não havendo sequer a tentativa de “vender” como factos históricos, ou sequer verosímeis, os elementos retirados do romance de Dan Brown, simples pretexto para mais um filme de acção e uma ponta de mistério. Uma análise mais completa desta mesma obra poderá ser lida em www.cinedoc.pt, Estreias, ou no próximo número de “Família Cristã”, que sairá no início de Junho. Francisco Perestrello

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