Da Polónia a Fátima em bicicleta

Veio da Polónia com Fátima marcada como destino no mapa. Bogumil Lempkowski é padre católico e deixou a pequena cidade de Deblin a 26 de Julho, para embarcar naquela que será concerteza a maior aventura nos seus 33 anos de vida.

A batina foi substituída pelos calções, a camisola e o capacete de ciclista. Polónia, República Checa, Alemanha, Suíça, França e Espanha são os países que atravessou antes de entrar em Portugal, pela fronteira de Penamacor. Fê-lo de bicicleta, com pouca bagagem, mas cheio de vontade de chegar ao santuário de Fátima.

No destino vai agradecer à Virgem por ter desviado a bala que podia ter vitimado João Paulo II a 13 de Maio de 1981, no atentado perpetrado por Ali Agca.

Mas esta é também uma viagem para reflectir sobre os sete anos que leva de sacerdócio e o futuro que o espera, confessa à porta da Sé de Castelo Branco. Na bicicleta seguem apenas alguns sacos com a pouquíssima bagagem que transporta, mas onde há espaço para a máquina fotográfica, com a qual vai documentando a aventura através das redes sociais na internet.

As várias paróquias têm sido o porto de abrigo do jovem padre, que se fez à estrada com fé na bondade das pessoas que vai encontrando. E tem tido sorte, apesar de nem sempre São Pedro ter sido generoso.

“Na primeira parte da minha viagem apanhei duas semanas de chuva, que caia todos os dias”, conta à sombra de mais um dia tórrido, daqueles que Castelo Branco conhece bem. Na República Checa teve ainda que ultrapassar o rebentamento da corrente da bicicleta, mas ele não quebrou com a subida às montanhas, que também teve de enfrentar na passagem por França.

Em Espanha foi o vento que lhe deu água pela barba, antes de entrar no braseiro do verão português. Mas o que melhor recorda da passagem pelo país vizinho é a generosidade das pessoas, como a família que abriu as portas a este desconhecido e o acolheu em casa para jantar. Bogumil estava a fazer a refeição na rua, algo normal para quem não planeou onde dormir ou fazer as refeições. A regra é procurar a igreja mais próxima e pedir abrigo.

Foi o que aconteceu em Aldeia do Bispo, no concelho de Penamacor, onde até celebrou missa antes de partir rumo a Castelo Branco. Da capital de distrito partiu rumo a Vila Velha de Ródão, sempre acompanhado da sua fé.

“Nossa Senhora de Fátima toma conta de mim todos os dias desta viagem. Eu sinto esta presença muito profundamente”, diz o sacerdote, que nunca tinha estado em Portugal.

Apesar de pisar solo desconhecido, Bogumil não mostra receio. Nem mesmo da solidão. “As pessoas de hoje em dia têm medo de estar sozinhas e em recolhimento”, diz antes de sair novamente para a estrada.

Por esta hora, a longa peregrinação terá chegado ao fim, mas o espírito aventureiro diz que não será a última da vida do jovem padre.

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