Dá gosto ver tantos leigos assumirem as suas próprias responsabilidades

Entrevista de D. António Carrilho, bispo auxiliar do Porto Analisando a forma como decorreu a Visita Pastoral, D. António Carrilho avaliou o conjunto das acções dessa visita, em entrevista à «Defesa de Espinho» Tendo chegado ao fim a Visita Pastoral do Senhor Bispo à Paróquia de S. Martinho de Anta, que balanço faz dela? D. António Carrilho: É um balanço muito positivo! Não só pelo modo como decorreram todas as actividades previstas no programa, como também e sobretudo pelo facto de ter encontrado uma comunidade cristã muito viva e comprometida na vida da Igreja e da Sociedade local. Uma comunidade que aprecia e estima o seu Pároco, Sr. P. Moura, e em que muitos assumem com ele a dinamização de múltiplas actividades pastorais na área da catequese, da liturgia, da caridade organizada, da pastoral juvenil, da pastoral familiar, etc. Dá gosto ver tantos leigos assumirem as suas próprias responsabilidades como “pedras vivas” da Igreja do Senhor! Do programa da Visita Pastoral gostaria de destacar alguma das actividades realizadas? D. António: Até me apetecia destacar todas! Na verdade, o programa foi organizado como um todo, como um conjunto de acções, com objectivos próprios, diferentes e complementares. Um “puzzle” com várias partes, cuja beleza se encontra na sua unidade! De qualquer modo, sem querer estabelecer comparações, mas tendo em atenção o espírito humanista e de especial fraternidade cristã que as caracterizaram, poderia destacar as visitas aos doentes, à Santa Casa da Misericórdia, à CERCI e à Associação de S. Francisco de Assis. Do ponto de vista cultural e como encontro das forças vivas de toda a freguesia também gostei muito do serão/convívio com as várias colectividades locais, na sede da Tuna Musical de Anta: além da riqueza musical da actuação da Tuna e dos Ranchos Folclóricos e da possibilidade de conhecer as diversas instituições culturais, sociais e desportivas, gostei de ver participar activamente naqueles grupos muitas das pessoas que também se encontram comprometidas na actividade apostólica da Paróquia. Acho que é importante esta consciência de ser presença da Igreja nas realidades humanas, sociais, culturais, desportivas… Que achou da Procissão da Festa do Corpo de Deus? D. António: Gostei muito! Só não lhe fiz referência ao responder à pergunta anterior, por se tratar de um acto de conjunto das Paróquias da Vigararia e não propriamente da Visita Pastoral à Paróquia de Anta, ainda que a procissão tenha partido da igreja de Anta para a igreja paroquial de Espinho. Penso que foi uma grande manifestação de fé: muita gente, muito respeito, clima de interioridade e oração, gestos de adoração de Jesus na Eucaristia! Muito contribuiu, sem dúvida, para a grandiosidade do acto a presença e participação das autoridades locais e de tantas instituições: cruzes paroquiais e estandartes das associações religiosas da Vigararia, acólitos, grupo coral, escuteiros (CNE), Tuna Musical, Fanfarras dos Bombeiros, etc. Uma grande manifestação de fé, neste Ano da Eucaristia e a marcar a primeira das Visitas Pastorais à Vigararia! E quanto aos jovens, o Senhor Bispo não acha que a atitude deles perante a Igreja é muitas vezes de indiferença? D. António: Posso dizer-lhe que fiquei contente por ter encontrado um bom número de jovens a participar activamente em grupos organizados na vida da Paróquia de Anta, nomeadamente no Escutismo, no Grupo de Jovens e nos Acólitos. Mas também é verdade que, falando em geral, há muitos jovens que mantêm perante a Igreja um atitude de indiferença, sem dúvida. Como é que explica esta postura, esta atitude deles? D. António: Penso que essa postura resulta da força dos ambientes em que os jovens vivem, convivem e trabalham. Muitos jovens vêem na Igreja uma espécie de “travão”, de oposição a um certo tipo de experiências para as quais são solicitados de muitas formas. Até os jovens que tiveram alguma ligação à Igreja quando crianças, se não têm uma formação cristã básica suficiente, se não têm famílias que os ajudem a ver o melhor caminho, se não têm um grupo de amigos em que aprofundem e vivam os valores da fé – também esses jovens não resistem, muitas vezes, à tentação de serem como os outros, tendo eles, afinal, uma experiência diferente a testemunhar! De facto, os jovens que hoje queiram seguir o caminho de Jesus Cristo têm de procurar esclarecer a sua fé e precisam de muita força e coragem! Como dizia o saudoso Papa João Paulo II, têm de saber lutar “contra a corrente”! Aqui inspirado, assim se chama o Grupo de Jovens da Paróquia de Anta. Eu tenho muita esperança nos jovens, em muitos Jovens. Penso que, já hoje, na sua condição de jovens, podem constituir uma força de acção e renovação da Igreja, podem e devem participar nela! Que mensagem quer deixar para a Paróquia de Anta, no termo desta Visita Pastoral? D. António: A minha mensagem é uma mensagem de união e fraternidade, um convite a superarem-se as diferenças e darem-se as mãos, na busca e na promoção do maior bem para todos, tendo em especial atenção os que menos se bastam e os que mais precisam! Aos católicos, em particular, eu direi: – sede apóstolos, pelo testemunho e pela intervenção social, nas diversas instituições em que a vida se processa: na família, no trabalho, na escola, nas associações e actividades culturais, artísticas e recreativas, na vida social e política! Que a Visita Pastoral se projecte como força renovadora e verdadeira Bênção de Deus para cada pessoa e cada família, para a Paróquia e para toda a Freguesia de Anta, neste 12.º ano da sua elevação a vila!

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