D. Manuel Pelino defende papel social e humanizador das paróquias

«Paróquia, casa fraterna e acolhedora» A Paróquia tem sido ao longo de séculos a principal escola de vida cristã. Através da paróquia, a Igreja tem realizado a sua missão de ser a luz dos povos e o sinal e instrumento de união com Deus e de unidade do género humano (CF LG 1). De facto, é através da paróquia que a Igreja se torna presente no meio da vida e das casas dos seus filhos e filhas. Na paróquia as pessoas encontram a Igreja, são acolhidas na Igreja e vivem em Igreja. E na Igreja está Nosso Senhor Jesus Cristo, luz do mundo, caminho para a vida e para a verdade. As pessoas recorrem à paróquia para receber a graça de Deus que acompanha e santifica a vida humana nas etapas cruciais: Baptismo, Comunhão, Matrimónio, Exéquias. Nos momentos festivos e nos momentos de sofrimento é na paróquia que encontram apoio, sentido e luz para a existência. Através da paróquia, a fé transmite-se de geração em geração. Pela fé as pessoas encontram esperança e são orientadas na caridade, no respeito mútuo, nos valores que alicerçam o comportamento moral. A catequese, que constitui a principal actividade da paróquia, é uma fonte de educação humana e cristã. A função da paróquia não é apenas religiosa. É também social e humanizadora. A paróquia congrega na unidade os que andam dispersos, integra os indivíduos em comunidade, enraíza numa história concreta. A paróquia forma uma comunidade aberta onde todos são acolhidos – crianças, jovens, pais, avós – e o­nde todos são chamados a participar. A paróquia deu alma à sociedade ocidental a que pertencemos: Criou o ritmo do tempo e ofereceu sentido à vida social – o ritmo do domingo, das grandes festas do Natal, da Páscoa e do Padroeiro. Criou uma cultura marcada pela fraternidade, pela partilha, pela consciência dos direitos humanos, pelo apreço pela dignidade de cada pessoa e respeito pelos bens alheios Alicerçou uma civilização o­nde se destaca a consideração pela vida, a abertura a todos, a liberdade responsável. O Papa João XXIII dizia que a paróquia é como o fontanário da aldeia a que todos acorrem na sua sede. O que seria a sociedade sem a paróquia? Seria como um deserto sem água: dominaria a secura do individualismo, a aridez da indiferença mútua, da solidão, do egoísmo feroz, da ausência de festa e de sentido. As pessoas precisam da água viva do calor humano, da amizade e reconhecimento mútuos, da partilha e ajuda fraterna nas necessidades. Essa é a função da paróquia. Na nossa época, a paróquia foi empobrecida e abalada por muitas mudanças sociais e religiosas (êxodo rural, diminuição da natalidade, mobilidade da população, indiferença religiosa, quebra da prática dominical, etc.). Apresenta lacunas e insuficiências. Quais são mais notadas? A paróquia precisa de renovação. Esta é possível. Que direcções deve tomar? Vivemos num mundo onde as pessoas se tornam estranhas, desconfiadas, desenraizadas. Precisam de ser acolhidas, congregadas, reconhecidas e alimentadas. A paróquia pode tornar-se a casa de família fraterna e acolhedora que a todos distribui o pão da vida e o pão da Eucaristia. D. Manuel Pelino, Bispo de Santarém

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