As novas realidades no mercado de trabalho pedem uma mudança de mentalidade. Esta advertência parte de D. Joaquim Gonçalves, Bispo de Vila Real, que por ocasião do Dia Mundial do Trabalhador – assinalado a dia 1 de Maio – escreve no Semanário «A Voz de Trás os Montes» sobre «Trabalho, Sindicatos e Globalização». Num contexto em que o novo Código de Trabalho introduz mudanças no mercado de trabalho, já por si afectadas pela globalização, o Bispo de Vila Real aponta a necessidade de “uma profunda mudança de mentalidade dos sindicatos e associações de empresários”. Esquecidos que estão, apesar de provados, os benefícios do trabalho para o desenvolvimento social e pessoal do homem, o trabalho é, se não mais, “fonte de rendimento económico para sustento do próprio trabalhador e da sua família”. D. Joaquim Gonçalves reflecte que também o Estado tem uma “intervenção fiscal”, apesar de ultrapassada “ultrapassada pelo realismo de manter sã a economia nacional dentro do concerto mundial”. Esta dimensão social e política do trabalho, através da “contribuição do trabalho para a comunidade e para os mecanismos do Estado”, servia para “sustentar as actividades sociais não lucrativas, como sejam o serviço oficial do ensino, da saúde, dos servidores do Estado e a ajuda aos incapazes, aos pobres, aos doentes e aos prisioneiros”. Mas o contexto alterou-se. “A própria máquina do Estado tem de rever o estatuto dos seus servidores”, reflecte o Bispo de Vila Real. A defesa dos trabalhadores já não é feita pela “luta de classes” nem pela própria empresa, que encontra nos dinamismos extra empresa, diversos “problemas laborais”. “Todos os grupos da empresa estão hoje condenados a dar-se as mãos”, porque a própria empresa é “um satélite de outras empresas, algumas delas sem rosto visível, como as multinacionais que fogem ao controlo de tudo”. “O trabalhador e o empresário têm de ser companheiros de jornada, «especialistas», capazes de aprender rapidamente novas tecnologias e de criar novas relações internacionais. Dentro de cada empresa ou se salvam todos ou todos se afundam”.