D. António Montes, 50 anos de padre

Nascido no seio de uma família católica – “a minha mãe pertencia à Ordem Terceira de S. Francisco e o meu irmão mais velho estava num Seminário Franciscano” – D. António Montes celebra, a 13 de Julho deste ano, o cinquentenário da sua ordenação sacerdotal. Trás-os-Montes (S. Tomé do Castelo – diocese de Vila Real) viu nascer o actual bispo de Bragança, no longínquo mês de Abril de 1935. Quando era criança, os franciscanos tinham uma “implantação considerável” naquela região do país. “Fiz a instrução primária num colégio de religiosas Franciscanas” – disse à Agência ECCLESIA D. António Montes. Tanto em casa como na escola, S. Francisco estava presente na vida da criança “irrequieta”. Com a idade a pessoa adquire “mais ponderação”. Durante o percurso vocacional, D. António Montes sentiu inquietações porque “a vocação não é uma pedra que se guarda no bolso do casaco”. É uma atitude de pergunta e resposta, de procura e de busca, um diálogo constante com “a nossa consciência e com Deus”. A sua caminhada em ordem à ordenação presbiteral foi feita em Montariol (Braga); Varatojo (Torres Vedras); Convento dos Franciscanos em Leiria e Seminário da Luz em Lisboa. Após a ordenação continuou os estudos teológicos na Universidade de Louvaina (Bélgica) de 1958 a 1964. Formação em Teologia, mas com a orientação marcada para a História. Alguns dos professores daquela universidade foram “peritos no II Concílio do Vaticano” – frisou. No Seminário da Luz (Lisboa) leccionou Sagrada Escritura e desempenhou também funções docentes no Instituto de Cultura Superior Católica (era director o Pe. António Ribeiro, futuro Cardeal-Patriarca de Lisboa). Nestes primeiros tempos de sacerdote foi também professor de Religião e Moral na Escola Agrícola da Paiã (Pontinha). No Seminário dos Olivais leccionou também durante um semestre a cadeira de Sacramentologia. “A minha vida foi praticamente ligada aos seminários quer como formador quer como professor” – sublinhou D. António Montes. Com o nascimento da Universidade Católica Portuguesa em Lisboa, o actual bispo de Bragança desempenhou as funções de secretário da Faculdade de Teologia durante 13 anos. Naquele estabelecimento de ensino, exerceu também as funções de professor de História Eclesiástica. Ao recordar os primeiros tempos como padre e da vivência do II Concílio do Vaticano, D. António Montes realça que existia alguma “animação teológica e eclesial”. Criaram-se algumas escolas nas dioceses para estudar este grande acontecimento da Igreja no século XX. Com vários documentos, D. António Montes depara que o II Concílio do Vaticano ainda não foi aplicado na totalidade. E exemplifica: “os dez mandamentos são mais antigos e ainda não estão todos aplicados”. A Reforma Litúrgica recebeu uma “transformação significativa, mas ainda não suficiente”. Nos primeiros anos do Concílio percorreu várias localidades do Patriarcado para divulgá-lo. “Fui várias vezes com o Pe. António Ribeiro que, posteriormente, foi Cardeal Patriarca de Lisboa” – frisou. Apesar de ser transmontano, D. António Montes passou grande parte da sua vida em Lisboa. “Passei 36 anos na capital, entre seminarista e padre”. Durante esse período ocupou muito do seu tempo na Universidade Católica. “Sempre gostei muito da investigação e da docência”. Com uma tese de doutoramento sobre o primeiro bispo conhecido da diocese de Lisboa, D. António Montes leccionou, sobretudo, História da Igreja Antiga, Medieval e Moderna. Era um professor exigente porque “os 50 minutos das aulas são para aproveitar”. Não julga o seu trabalho nesta área mas teve “muito gosto em acompanhar alguns alunos”. E exem-plifica: “Não orientei muitas teses, mas tenho muito gosto em ter sido o orientador da tese de D. Manuel Clemente”. O actual bispo de Bragança também foi provincial dos Franciscanos. Foi eleito, em 1984, para este cargo. “Fui provincial sete anos e conselheiro geral durante seis anos” – afirmou. No curriculum de D. António Montes Moreira conta-se também os dois anos que esteve como director do Secretariado Geral da Conferência Episcopal Portuguesa. “Foram anos importantes para conhecer a realidade eclesial em Portugal”. Em 2001, dia 13 de Junho, foi nomeado bispo para a diocese de Bragança onde ainda está a desempenhar o seu múnus episcopal.

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