Comunidades crentes organizam-se «mais na base da exclusão, do que na lógica da inclusão», considera sociólogo
Viseu, 16 jan 2013 (Ecclesia) – O bispo de Viseu afirmou esta terça-feira que “a sociedade atual, na sua cultura, coloca desafios que não se compadecem com estilos de vida envelhecidos, na forma de ser Igreja”.
A posição de D. Ilídio Leandro foi partilhada em Viseu, durante a sessão de encerramento das Jornadas Formativas do Clero diocesano que começaram segunda-feira, revelou hoje o Gabinete de Informação da diocese.
Durante o encontro o sociólogo Alfredo Teixeira, coordenador do inquérito sobre identidades religiosas em Portugal encomendado pela Conferência Episcopal, afirmou que as comunidades católicas organizam-se “mais na base da exclusão, do que na lógica da inclusão”.
Referindo-se à organização da Igreja, assente sobretudo em paróquias, o investigador da Universidade Católica frisou que nas relações humanas de hoje “pesa mais a rede do que o território”.
As comunidades crentes “são lugar de encontro de pessoas que têm uma determinada história e biografia crente, mais que de pessoas que vivem num determinado lugar”, apontou.
O docente salientou que a Igreja deve prestar mais atenção às realidades novas que estão a aparecer do que para o que se está a perder, discernindo o que essas novidades têm de evangélico e oferecendo-lhes a possibilidade de a viver num estilo de vida cristão.
Para o padre José Tolentino Mendonça, que também interveio nas jornadas, “o desafio que se coloca hoje à Igreja é mais de tipo cultural, do que pastoral”, ou seja, “dar sentido” à existência humana e oferecer “modelos e estilos de vida”.
Valorizar o ministério do leitor, dar importância à homilia e promover a oração baseada na Bíblia são tarefas a importantes no trabalho dos sacerdotes, realçou o diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura.
A evangelização deve privilegiar o Bem, a Verdade e a Beleza, além de explorar as tecnologias de comunicação e o património cultural e artístico da Igreja, carregado de “marcas bíblico-cultuais” que não podem ficar mudas, acentuou.
O vice-reitor da UCP disse ainda que a cultura atual é marcada pela “tensão, quase conflito, entre o presente e a tradição”, bem como pelo afastamento da “transcendência” devido ao excessivo domínio da “razão”.
“Não há crise de fé; a crise é de pertença. O mundo precisa de quem dialogue, de quem seja interlocutor, de quem acolha fraternalmente”, observou.
GIDV/RJM