Cultura: Igreja Católica em Portugal aposta em dar a conhecer ao público os grandes nomes da Arte Cristã

Primeira publicação de um projeto feito em parceira com o Governo destaca a figura inovadora do Mestre Pero

Foto Arlindo Homem/AE

Lisboa, 05 mai 2018 (Ecclesia) – O Museu de Arte Antiga, em Lisboa, acolheu esta sexta-feira a apresentação de um livro sobre o ‘Mestre Pero’, um dos mais destacados escultores da época medieval cristã, no âmbito de um projeto editoral que está a ser implementado pela Igreja Católica e o Governo.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, Sandra Costa Saldanha, diretora do Secretariado Nacional dos Bens Culturais, da Igreja Católica, destacou uma obra inserida na coleção ‘Mestres da Arte Cristã’, que “agora se começa a concretizar”, em colaboração com a Direção-Geral do Património.

Um trabalho que “pretende relevar e autonomizar a atividade de vários artistas que dedicaram a sua atividade profissional sobretudo à produção de obras de arte cristãs”.

“E portanto aquilo que o Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igreja pretende é olhar para esses mestres justamente como produtores de iconografia religiosa, fundamentalmente, e analisar também os seus contributos para a evolução e para a produção da arte cristã em Portugal”.

Intitulada “Pero – O mestre das imagens”, a primeira publicação da coleção ‘Mestres da Arte Cristã’ é da autoria de Carla Varela Fernandes e destaca um artista que, no século XIV e ao serviço da Rainha Santa Isabel, se notabilizou pela sua originalidade e novidade.

“Com este livro, pela primeira vez, a obra deste importante escultor é tratada como um todo, arriscando-se ainda um provável itinerário artístico, entre França e vários locais da Península Ibérica”, pode ler-se na apresentação desta obra.

“Esta é uma coleção que pretende abarcar várias cronologias, vários tipos de autores, desde escultores, pintores, arquitetos, mestres ligados a outras áreas da criação artística, exclusivamente religiosa”, completou Sandra Costa Saldanha.

À semelhança do que acontecia com o Mestre Pero, muitos dos artistas que vão ser abordados neste projeto ainda não têm uma obra de investigação que lhes tenha sido inteiramente dedicada, ou seja, existem vários estudos parcelares mas não trabalhos de conjunto.

Outra novidade que o Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igreja está empenhado em buscar, com o apoio do Governo, é fazer chegar este género de estudos e de publicações, normalmente mais reservados ou disponíveis para investigadores ou para profissionais de âmbitos mais académicos, “a um público mais alargado”.

A apresentação do livro ‘Pero – o Mestre das imagens’ contou com a participação do presidente do Museu Nacional de Arte Antiga, António Filipe Pimentel; também do historiador de Arte Paulo Pereira, a par da autora, Carla Varela Fernandes.

Esta escritora apontou várias obras que Mestre Pero realizou não só ao serviço da Coroa mas também em colaboração com a Igreja Católica.

O artista, que alguns defendem ter origem catalã, outros francesa, trabalhou por exemplo “no túmulo da Rainha Isabel, também no túmulo da própria neta da Rainha, também chamada Isabel, e depois para o arcebispo de Braga”, para além de “ter dado resposta a muitos párocos, e bispos de outras dioceses, na elaboração de outras muitas obras”.

“Obras ou de escultura devocional, ou relevos, retábulos por exemplo, mas muito para escultura tumular”, explicou Carla Varela Fernandes.

JCP

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