Cruzeiro do Tejo: Comunidades têm «enorme consciência» do estado do rio e sabem que pode ser «irreversível»

Percurso de 15 dias pelo rio une comunidades ribeirinhas numa “partilha cultural e identitária”

Foto: Cruzeiro Religioso e Cultural do Tejo

Setúbal, 18 jun 2022 (Ecclesia) – João Serrano, um dos organizadores do Cruzeiro Religioso e Cultural do Tejo, disse hoje à Agência ECCLESIA que há uma “enorme consciência social” nas comunidades do estado em que se encontra o rio e que, se não forem tomadas medidas, pode ser “irreversível”.

“Há uma enorme consciência social que as pessoas têm para o estado em que o rio se encontra, quando começámos o cruzeiro, por exemplo em Vila Velha de Ródão, o Tejo começa a ficar no estado artificial, vê-se que tem de romper inúmeras barreiras, e com a seca ainda pior”, indicou o responsável.

Segundo João Serrano o “mesmo rio que deu origem a esta enorme comunidade ribatejana”, e se não foi tido em conta o “estado em que o Homem colocou o rio”, pode ser este “mesmo rio” que os tira dali.

“Pode ser irreversível se não se tomarem medidas sérias para preservar este património natural e sabemos da preocupação que as comunidades nos transmitem e também alguns párocos”, reforça.

Este Cruzeiro é uma “ideia original”, que acontece há oito edições, e une as comunidades ribeirinhas, numa “partilha cultural e identitária”, que revela algo que está latente na comunidade do Tejo, “seja em Portugal e em Espanha”.

“Os pescadores tinham a necessidade de ter uma imagem sagrada que os pudesse representar, havia uma imagem de uma Senhora do Tejo, das águas e assim surgiu com o bispo de Santarém e também com o bispo de Portalegre a ideia de consagrar a imagem de Nossa Senhora à comunidade piscatória do Tejo”, recorda.

João Serrano lembra que o trajeto deste cruzeiro foi aumentando com o passar dos anos porque “havia receções muito calorosas” e a receção da Nossa Senhora era unânime em todo o Tejo, “não só de homens ou mulheres, ou devotos, mas das comunidades ribeirinhas que se identificam”.

“Há as boas vindas, as rezas, a maneira como tocavam na Senhora com devoção, as lágrimas, isto aconteceu ao longo de todo o Tejo e há sempre a ideia de santidade, a mãe que prevalece ao longo de todas as comunidades”, indica.

O responsável explica ainda que a organização apenas “é portadora da imagem” porque o que acontece ao longo do Tejo é organizado pelas próprias comunidades, atitude que revela “o estado de espírito e grande comunidade identitária ao longo do Tejo”.

O Cruzeiro Religioso e Cultural do Tejo termina este domingo em Oeiras, com chegada prevista para as 13h30.

LS/SN

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