Referências explícitas a Deus, à herança religiosa e aos direitos das Igrejas e comunidades religiosas são as propostas apresentadas pelos “Cristãos pela Europa” à Convenção Europeia, encarregue de redigir a futura Constituição Europeia. Por iniciativa das Semanas Sociais de França e do Comité Central dos Católicos alemães, a rede “Cristãos pela Europa”, nascida em Berlim no ano de 2002, convidou cristãos comprometidos na construção europeia para reflectir, debater e adoptar uma posição comum sobre a Europa. Apresentando o projecto de unificação europeia como projecto de “ordem ética” – de perdão, reconciliação, paz e liberdade – o texto manifesta o desejo de que “o respeito e a promoção destes valores” possa ser feita, para os que nisso acreditam “diante de Deus”. “Nós queremos que isso figure na Constituição”, assumem os “Cristãos pela Europa”. Conscientes de possíveis aproveitamentos políticos de uma “invocatio Dei” – referência explícita a Deus -, a declaração final refere que “tal inclusão não deve excluir ninguém. A Constituição da República da Polónia oferece, nesse contexto uma formulação que mostra todo este sentido”. Além da “invocatio Dei”, esta reunião adoptou uma posição comum onde se defende o “reconhecimento das heranças religiosas e culturais que contribuíram notavelmente para estruturar a identidade que os europeus partilham”. Essa referência, que inclui a herança cristã, deverá aparecer no preâmbulo do Tratado Constitucional. Um último pedido, na linha do que vem sendo feito pelas Igrejas cristãs da Europa, tem a ver com uma “garantia institucional dos direitos das Igrejas e comunidades religiosas, tal como existem nos Estados-membros”. A declaração final deste encontro, que decorreu entre 7 e 9 de Março na cidade polaca de Cracóvia, afirma que o “duplo processo de aprofundamento político e de alargamento geográfico deve ser conduzido a bom termo, para tornar realidade o sonho de uma Europa unida na paz e na liberdade”. A divisão gerada pela crise iraquiana entre os membros da UE é um exemplo, segundo os participantes neste encontro, do que ainda falta para “transformar o que é uma união de Estados em comunhão de povos e cidadãos da Europa”.
