Crise: Responsáveis católicos têm de intervir mais na procura de soluções

Uma crítica deixada por Francisco Sarsfield Cabral, na apresentação do Fundo Bem Comum, da Associação Cristã de Empresários e Gestores

Francisco Sarsfield Cabral considera que “há uma falta de reflexão, por parte dos intelectuais católicos, no que diz respeito à situação económica do país e ao modelo de desenvolvimento que se deve seguir”.

Uma opinião deixada pelo jornalista durante o Seminário de apresentação do Fundo Bem Comum (FBC), que decorreu esta Quarta-feira, dia 27, em Lisboa.

Num painel que teve como tema “A realidade portuguesa”, o especialista em assuntos económicos lembrou a mensagem de Bento XVI, na sua encíclica “Caritas in Veritate”, quando “apelou para uma profunda reflexão sobre estas matérias, por parte dos cristãos, algo que não está a ser feito”.

Considerando que o Papa dá pistas suficientes nesta matéria, Francisco Sarsfield Cabral sublinha que “cabe agora aos católicos avançarem propostas concretas ”.

O jornalista considerou o projecto FBC, da autoria da Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEGE) como um exemplo a seguir, salientando que “é nos pequenos passos, como o empreendorismo social ou o micro-crédito, que está o caminho”.

 O Seminário dedicado à apresentação do FBC reuniu diversas figuras do plano económico e social português, que procuraram reflectir sobre as mais-valias que este tipo de projectos, de empreendedorismo social, podem trazer para o país.

João César das Neves, professor da Universidade Católica Portuguesa, começou por salientar que “iniciativas como esta podem corrigir alguns dos problemas mais disparatados da sociedade”, como o preconceito relativo à idade, que domina o mercado de trabalho, e o desaproveitamento dos reformados.

“Ser velho, hoje, é um problema, e quem o é está fora de prazo”, lamenta o economista, para quem “o país tem vindo a desperdiçar recursos válidos e abundantes”.

Uma ideia corroborada por Filipe Santos, director do INSEAD, uma das maiores escolas de formação empresarial do mundo, para quem o FBC representa uma inovação que precisa de ser bem incorporada na sociedade”.

O especialista apresentou diversos projectos similares ao da ACEGE – na Índia, em Inglaterra e em Espanha – salientando que o “empreendedorismo social tem vindo a ser implementado não só nos países em vias de desenvolvimento, mas também nos países desenvolvidos, e com bons resultados”.

Relembrando uma expressão de Adam Smith, célebre economista e filósofo do século XVIII, que falava de uma “mão invisível” que impelia a economia, movida pelo interesse próprio das pessoas, Filipe Santos concluiu defendendo que “a sociedade precisa agora de uma segunda ‘mão invisível’, que faça crescer a economia sim, mas movida pelo amor ao próximo”.

O «Fundo Bem Comum» visa promover e apoiar projectos empresariais de desempregados ou pré-reformados com mais de 40 anos.

A ACEGE espera contribuir para estimular a economia nacional e reactivar os quadros profissionais que, devido à idade, foram “esquecidos” pelo mercado de trabalho.

De acordo com um estudo efectuado, a associação espera que o projecto tenha impacto, pelo menos para já, em cerca de 5 mil pessoas.

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