Crise: Responsáveis católicos pedem envolvimento global contra escalada do desemprego

Valor de 15 por cento, registado em fevereiro, constitui um máximo histórico em Portugal

Lisboa, 03 abr 2012 (Ecclesia) – Adequar o ensino às necessidades do mercado e implementar novas políticas económicas são algumas das soluções apresentadas por responsáveis católicos para combater o desemprego em Portugal, que atingiu um máximo negativo de 15 por cento.

Em entrevista concedida à Rádio Renascença, o vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Manuel Clemente, realça que o problema deve merecer o envolvimento da “sociedade”, do “sistema de ensino” e de “quem tem oportunidades” de “criar” novos postos de trabalho.

O também bispo do Porto desafia os cristãos a participarem na busca de soluções e saúda particularmente todos os empresários que, apesar das dificuldades, continuam a ter uma “preocupação muito viva” pela situação “das famílias” e “empregados dependentes”.

A diversificação do mercado de trabalho, através da introdução de novos produtos, tem garantido a subsistência de algumas empresas e possibilitado a abertura de mais postos de trabalho.

No entanto, segundo o prelado, trata-se de uma medida que “não chega para o conjunto da população” que anda atualmente à procura de trabalho, perto de um milhão e meio de pessoas, segundo os últimos cálculos avançados pelo Eurostat.

Portugal conta assim com a terceira maior taxa de desemprego da zona Euro, numa contabilidade apenas suplantada pela Espanha, com 23,6 por cento, seguida da Grécia, com 21 por cento.

Para o vice-coordenador da Liga Operária Católica, esta situação “é fruto de uma má governação” e resulta “sobretudo de uma má perspetiva de reconverter a economia em postos de trabalho”.

José Rodrigues critica a passividade do Governo do primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, considerando que o país alberga neste momento uma “economia exploradora”, alimentada pela “precariedade no trabalho” e pela “mercantilização dos trabalhadores”.

“Como é que querem que as pessoas paguem impostos se lhes retiram a sua fonte de receitas, que é o trabalho?”, questiona o membro da LOC, para quem “só o medo tem impedido as pessoas de reagirem com mais força”.

A escalada do desemprego em Portugal, a maior desde que os dados começaram a ser publicados através do gabinete de Estatísticas da União Europeia, há 14 anos, está a afetar homens e mulheres praticamente por igual medida mas atinge sobretudo os jovens com menos de 25 anos.

“Se não se alterarem as regras do atual modelo económico, muitas destas pessoas poderão não voltar a ter lugar no mercado de trabalho”, alerta o presidente da Cáritas Portuguesa.

Eugénio da Fonseca defende uma abordagem “séria” à situação, caso contrário estará em causa a “subsistência” da própria sociedade.

RR/JCP 

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