Eugénio Fonseca defende que a «transformação de mentalidades» é a principal prioridade do país
Lisboa, 11 Jan (Ecclesia) – O presidente da Cáritas Portuguesa critica as opções do Governo para combater a crise económica porque o “esforço maior” está a ser pedido “às famílias da classe média e às que já viviam em condições de precariedade”.
A instituição de apoio social da Igreja Católica quer que o Executivo tome medidas no âmbito na economia, emprego, fiscalidade e ambiente, visando a “transformação de mentalidades”, a prioridade mais “premente” do país, escreve Eugénio Fonseca num dos textos que compõem o dossier do semanário ‘Agência ECCLESIA’, hoje publicado.
“Ao Estado pede-se que assuma o seu papel de regulador económico e não se deixe dominar pelo Capital” e “que faça do desenvolvimento humano o motor de todas as políticas económicas”, assinala.
O responsável reclama também acções “mais decididas sobre a preservação do ambiente”, a “redefinição” do trabalho e a recriação de novas formas do mesmo”, além de maior justiça nas políticas fiscais.
“Se continuarmos a manter as mesmas estratégias económicas e políticas, jamais se conseguirá ultrapassar, com segurança e sustentabilidade, as graves dificuldades do presente”, defende Eugénio Fonseca.
Referindo-se à União Europeia, o responsável salienta que “não basta ter uma moeda única”, pelo que é “imperiosa a criação de condições que proporcionem maior coesão social”.
Eugénio Fonseca reivindica ainda medidas conducentes à elevação das taxas de natalidade no continente, “para não ser tão díspar o fosso entre os níveis de população activa e o envelhecimento”.
No Ano Europeu das Actividades Voluntárias que Promovam uma Cidadania Activa, que decorre em 2011, o presidente da Cáritas Portuguesa lembra que os princípios orientadores do voluntariado são “referenciais para uma alternativa ao modelo socioeconómico vigente, a longo prazo”.
Depois de recordar “o labor” das pessoas que trabalham para “minorar as gravíssimas carências múltiplas por que estão a passar milhares de famílias”, o também presidente da Confederação Portuguesa do Voluntariado sublinha que “a transformação de mentalidades” é a prioridade “mais premente”.
Entre os “novos comportamentos” a adoptar encontram-se a aposta na poupança dos bens naturais, o cuidado pelos outros, nomeadamente por aqueles “que nunca se confrontaram com a privação de recursos”, e o desenvolvimento do “voluntariado de proximidade”.
Para Eugénio Fonseca, é importante que as pessoas afectadas pela crise contribuam para ampliar o número de voluntários nas organizações, “como forma de não perderem contacto com o mundo do trabalho”.
RM