Mensagens renovam apelos de solidariedade e sobriedade
Os dramas da fome, pobreza e desemprego presentes nas preocupações de vários Bispos portugueses para este Natal. As mensagens que estão a ser publicadas por estes dias apelam à solidariedade e sobriedade, em tempos de crise.
D. Manuel Pelino, Bispo de Santarém, alertou para “o individualismo, a desconfiança mútua, o desânimo, a solidão, a agressividade” que marcam as nossas sociedades.
Na sua mensagem natalícia, o prelado considera que “num mundo frio e egoísta bem precisamos da mensagem do Natal”. “Dediquemo-nos e defendamos também a união estável da família, alicerçada no amor e santificada pelo sacramento do matrimónio, como berço e ambiente para o desenvolvimento harmonioso dos filhos”, apela.
O Bispo de Santarém pede ainda que “saibamos partilhar o nosso afecto, a nossa atenção e os nossos bens com os que nos rodeiam, sobretudo com os mais carentes”.
D. Gilberto Canavarro Reis, Bispo de Setúbal, opta por um registo mais poético, em forma de prece, pedindo “um coração capaz de reparar que à nossa volta (bairro ou país) há gente na solidão, gente com pensão de miséria, gente em casas degradadas, gente a sofrer o desemprego, imigrantes mal acolhidos, gente excluída: gente de carne e osso como nós, gente que poderíamos ser nós mesmos”.
O Bispo de Coimbra, D. Albino Cleto, diz que o Natal é um convite “a sermos o rosto do amor”. “Que cada um de nós realize gestos que respondam à esperança de quem precisa uma ajuda generosa a quem necessita, uma mensagem personalizada a quem nos esqueceu, uma presença sincera junto de quem vive só”, indica.
Para D. José Pedreira, Bispo de Viana do Castelo, o Natal é “tempo de comunhão e partilha, de purificação dos nossos desvarios, egoísmos, indiferenças”, mas também de “abertura aos valores maiores, à esperança, à solidariedade, à prática do bem comum, à manifestação de reconhecimento e carinho com os que nos são mais caros”.
D. Antonino Dias, Bispo de Portalegre-Castelo Branco, escreve por seu lado que “celebrar o Natal de Jesus não é reduzi-lo a uma mera festa profana, dispendiosa e humilhante para os pobres, sofredores e excluídos”.
“Celebrar o Natal é fazer ecoar por toda a terra a mensagem de Esperança que cada pessoa precisa de ouvir. É pedir aos líderes da sociedade que escancarem as portas do coração a Cristo Salvador, o Filho de Deus, se reencontrem n’Ele para servirem como Ele e lhe peçam o dom da Sabedoria para bem orientar o destino dos povos que neles confiaram e estes possam viver com alegria e dignidade”, acrescenta.
O Arcebispo de Évora, D. José Alves, afirma que “também hoje o nascimento de Jesus passa despercebido para muitas pessoas que não se dão conta de tão sublime manifestação da graça de Deus. Porém, outros há que, iluminados não com a luz das estrelas mas com a luz da fé, se sentem inundados com a fulgurante manifestação dessa graça. Como os pastores e os magos, reconhecem a presença do Salvador disfarçada na humanidade sofredora dos pobres do nosso tempo e acorrem pressurosos a exprimir o seu agradecimento sincero com donativos”.
Num texto publicado pelo Secretariado Nacional da Pastoral Social, sugere-se a recusa de “uma vida egoísta, centrada em nós próprios e, por isso, absurda, sem graça”, apelando ao compromisso “num mundo em que não haja quem morra de fome, ou na guerra, ou de desespero”. É ainda pedida a luta “contra as injustiças, contra toda a espécie de exploração, ou de exclusão, ou de qualquer outro nome de pecado”.