Crise: Porta-voz do episcopado pede diálogo

Situação do país exige reforço da solidariedade, sublinha padre Manuel Morujão

Fátima, Santarém, 08 jan 2013 (Ecclesia) – O porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) afirmou hoje em Fátima que a atual crise económica e social no país exige um reforço do diálogo, lamentando as “graves dificuldades em criar consensos”.

“Dialogar é um verbo urgente”, declarou o padre Manuel Morujão, em conferência de imprensa, após a reunião do Conselho Permanente do organismo máximo dos bispos católicos.

Este responsável adiantou que a CEP decidiu dedicar as próximas jornadas pastorais, que vão decorrer entre 17 e 20 de junho, ao tema “A organização da sociedade à luz da Doutrina Social da Igreja”.

“Todos temos de estar envolvidos nesta prioridade que é o bem comum”, referiu o sacerdote jesuíta, antes de desejar que os governantes “saibam ouvir o povo português” e procurem que todos “tenham a dignidade que merecem”.

Segundo o secretário da CEP, o que se perspetiva como um ‘annus horribilis’ (ano horrível) em 2013 deve ser transformado num “ano de verdadeira solidariedade” para chegar a “bom porto e não perecer na tempestade da crise”.

O padre Manuel Morujão frisou a importância de apoiar as instituições solidárias e de caridade, defendendo que sem as mesmas “já teria havido um naufrágio”.

O porta-voz reiterou, por outro lado, não ter conhecimento de quaisquer casos de abusos sexuais de menores no seio da Igreja, a não ser “pela comunicação social”, e declarou que “todas as pessoas ou instâncias que velam para ajudar a Igreja a purificar-se são bem-vindas”.

Esta preocupação, sublinhou, deve estender-se “à sociedade, às famílias” e a todas as instituições que acolhem crianças.

“Tudo isto deve ser encarado com grande serenidade, procurando a verdade, não antecipando condenações”, apelou.

Para o secretário da CEP, o “assunto é demasiado sério” para ser transformado “num show” mediático, pelo que é necessário aliar a verdade à “discrição”.

Neste contexto, apelou diretamente aos jornalistas para que “tratem as coisas no devido lugar, sem empolamento, sem condenações antecipadas”.

“A Igreja continua disponível para atender a todos”, em primeiro lugar “as vítimas”, referiu o sacerdote, antes de deixar votos de que “tal flagelo social [pedofilia] desapareça”

A Conferência Episcopal Portuguesa divulgou em abril de 2012 um conjunto de diretrizes para o tratamento de eventuais casos de abusos sexual de menores, ocorridos na Igreja.

O Conselho Permanente é um órgão delegado da assembleia dos bispos católicos em Portugal, com funções de preparar os seus trabalhos e dar seguimento às suas resoluções, reunindo ordinariamente todos os meses.

O organismo é atualmente constituído por D. José Policarpo, cardeal-patriarca de Lisboa (presidente da CEP); D. Manuel Clemente (vice-presidente), bispo do Porto; D. Jorge Ortiga (vogal), arcebispo de Braga; D. António Marto (vogal), bispo de Leiria-Fátima; D. Gilberto Canavarro Reis (vogal), bispo de Setúbal; D. António Francisco dos Santos (vogal), bispo de Aveiro; D. Manuel Quintas (vogal), bispo do Algarve; padre Manuel Morujão (secretário).

OC

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