Comissão Nacional Justiça e Paz promove seminário de aprofundamento
A crise ética na economia e na política está em debate este Sábado. A Comissão Nacional Justiça e Paz quer, através do seminário, reflectir sobre os comportamentos éticos de decisores, mas "aprofundar a arquitectura institucional que provocou a actual situação", centrou Alfredo Bruto da Costa, Presidente da CNJP, na abertura do seminário.
A crise que o mundo atravessa revelam aspectos relevantes no contexto nacional e escala internacional, que pedem uma "reflexão" e uma análise que "não pode passar ao lado das comissões justiça e paz de todo o mundo".
Na crise surgiram palavras como ganância, individualismo, mercado, regulação, supervisão, desigualdades, paraísos fiscais, desemprego, especulação, corrupção, "palavras com pesadas implicações éticas de primeira importância" sublinha Alfredo Bruto da Costa. Palavras que se relacionam com a ética, economia e política.
O Presidente da CNJP recordou que foi João Paulo II a lançar a noção de cidadania mundial, mas "está pouco trabalhada nas suas aplicações práticas, e, no entanto, estas são muito poderosas".
"A crise implica comportamentos humanos", considerou e esta "é portadora de imensos desafios dirigidos a pessoas e organizações de pessoas de boa vontade, onde a CNJP se quer incluir".
D. Carlos Azevedo, Presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social, centrou que a crise fez saltar o que era um tema de reflexão para a actual discussão pública.
O bispo auxiliar de Lisboa alertou para o dever de responsabilidade que envolve cada pessoa. "Devemos deixar-nos de euforias éticas e pensar no dever da responsabilidade que cada um tem".
D. Carlos alertou ainda para os perigos de liderança que no meio de um tempo mais conturbado, as aspectos que antes eram vistos de forma integrada, podem degenerar em perigos. "O reformador que quer concertar o mundo esquece-se que também precisa de ser concertado. Infelizmente esta é uma realidade a que se assiste no debate político".
O bispo auxiliar pediu uma liderança com esperança que aponte para objectivos concretos e não a um conjunto de desejos e alertou para a manutenção da integração do homem na sociedade, "caso contrário insistimos no individualismo".
"Requere-se uma nova visão, que ultrapasse os recintos. A Doutrina Social da Igreja é uma base sólida de humanismo orientada para uma ética com valores", que D. Carlos Azevedo espera ver mais aprofundada com a encíclica que Bento XVI vai publicar na próxima Terça-feira, dia 7.