Crise: Empresários cristãos desafiados a serem «fermento» de justiça no meio da austeridade

D. Manuel Clemente encerrou ciclo de conferências subordinado ao tema «Portugal: Realidade e Esperança»

Lisboa, 23 abr 2012 (Ecclesia) – O vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. Manuel Clemente, desafiou hoje os empresários cristãos a funcionarem como “fermento” no meio da crise, favorecendo o crescimento de políticas socioeconómicas mais justas e sustentáveis.

“Um governante, seja o que for, é antes de mais uma consciência, no sentido de que é uma pessoa e é responsável, e portanto transporta o sistema de valores em que acredita”, recordou o prelado, num encontro em Lisboa, com membros da ACEGE – Associação Cristã de Empresários e Gestores.

A iniciativa, que contou com a presença de cerca de meia centena de líderes empresariais, serviu para encerrar o ciclo de conferências que a ACEGE dedicou nos últimos meses à temática ‘Portugal: Realidade e Esperança’.

Para o bispo do Porto, o organismo que reúne os empresários cristãos tem uma palavra “essencial” a dizer no sentido de evitar que as dificuldades económicas se abatam ainda mais sobre as pessoas e famílias.

Nesse sentido, os associados devem atuar de acordo com “critérios evangélicos bem assentes”, de modo a conferirem “legitimidade” ao seu modo de agir.

D. Manuel Clemente destacou alguns destes critérios, extraídos da Doutrina Social da Igreja, como a luta pela “dignidade humana”, a orientação para o “bem comum”, a salvaguarda do princípio da “subsidiariedade” e a prática da solidariedade.

O prelado considerou que ainda existem muitas “zonas sombra” na forma de atuar da sociedade, que podem e devem ser “esclarecidas” pelos cristãos, mostrando-se confiante de que há neste momento “um campo muito aberto” à “aceitação” do ideal de Cristo.

O presidente da ACEGE, António Pinto Leite, transmitiu ao bispo portuense a “determinação” dos empresários cristãos em fazerem face à atual conjuntura que o país atravessa e a manterem-se “competitivos” e “sustentáveis”, sempre com base no quadro de valores em que acreditam.

“A situação é suficientemente dura e desafiante para que todo o esforço seja sempre considerado pouco, sobretudo ao nível da proteção das comunidades humanas que estão dentro das empresas”, apontou.

Aquele responsável pediu o envolvimento de todas as instituições civis, da Igreja e também do Estado, para que o nível de austeridade “não seja agravado” e deixou dois sinais de esperança.

O primeiro revelando que o projeto ‘AconteSer – liderar com responsabilidade’, que a ACEGE promoveu junto de líderes empresariais, a nível nacional, para ajudar a ultrapassar dificuldades económicas e favorecer a alteração de padrões de comportamento “vai voltar a ter fundos comunitários para os próximos dois anos”.

O outro destacando “o sucesso que se tem continuadamente conseguido no setor exportador”, o qual revela que ainda “há coisas excelentes a acontecer na economia portuguesa”.

A ACEGE vai promover nos dias 1 e 2 de junho, na Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa, um congresso subordinado ao tema ‘Amor como critério de gestão’.

“Era a palavra que faltava no vocabulário empresarial”, apontou António Pinto Leite.

JCP

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