Crise: Discurso de alguns sectores da Igreja está errado, diz economista

João César das Neves deixa alerta aos padres das dioceses de Évora, Beja e Algarve

Tavira, Faro, 26 Jan (Ecclesia) – O economista João César das Neves afirmou hoje que o discurso de alguns membros da Igreja sobre a crise está “errado” e desafiou a um novo olhar sobre o modelo capitalista.

O professor da Universidade Católica Portuguesa falava nas jornadas de actualização do clero da Província Eclesiástica do sul (dioceses de Évora, Beja e Algarve), que decorrem em Tavira, no litoral algarvio, de 24 a 27 de Janeiro.

A Durante o encontro organizado pelo Instituto Superior de Teologia de Évora, sob o tema «Crise, desafios e oportunidades», o orador apresentou uma «Radiografia da Crise» e defendeu que “não há capitalismo selvagem”.

“O capitalismo é de todos os sistemas o que precisa mais de leis. Não há nenhum mercado mais regulado do mundo do que o financeiro”, advertiu César das Neves.

O economista português defendeu também que a “crise financeira não manifesta uma crise de valores”, considerando que se verificou uma ausência de “critérios”.

“Até há excesso de valores, mas eles estão desordenados”, concretizou.

César das Neves assinalou que “o dinheiro só vale enquanto temos confiança e a crise mostrou o poder da desconfiança”.

Referindo-se ao “optimismo progressista que vivemos”, o economista português declarou que a “sociedade vive a crise de valores que tem a ver com a crise da esquerda”.

“A esquerda quis redesenhar a sociedade perfeita sem Deus e vê-la esboroar-se nas mãos. Não há mais ninguém a defender os pobres para além da Igreja”, referiu.

O terceiro dia de trabalhos prosseguiu com a realização de um painel sobre o tema «Crise: a realidade e os desafios emergentes», dando destaque à realidade dos jovens, dos desempregados e das famílias.

O padre Pablo Lima, director do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil, disseque ser preciso que o trabalho da Igreja nesta área “se repense”.

“Temos de trabalhar nas propostas que fazemos porque as experiências das IPSS não-confessionais provam isso”, exortou, acrescentando que os jovens estão também “mais sedentos de verdadeira espiritualidade”.

As jornadas concluem-se esta Quinta-feira, dia 27, com um painel intitulado «Crise: pequenas/grandes respostas».

FD/SM/OC

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