Crise da família e crise da fé estão interligadas

Meio milhar de catequistas de Viana em Assembleia Diocesana «A crise da família repercute-se na crise da fé e a crise da fé reflecte-se, igualmente, na crise da família», o que se pode considerar «efeitos da apostasia silenciosa da secularização e da exaltação dos valores materiais». A denúncia partiu do Bispo de Viana do Castelo, D. José Pedreira, durante a concelebração eucarística que encerrou a XXIII Assembleia Diocesana de Catequistas, que ontem, em Cortes (Monção), reuniu meio milhar de pessoas. Este grande encontro anual, que reúne todos aqueles que devotadamente exercem este ministério de transmissão sistemática dos conhecimentos da fé, foi a ocasião para prestar uma singela homenagem ao Director do Secretariado Diocesano da Catequese, padre Valdemar Fernandes, pelos seus 25 anos de sacerdócio, ministério que tem exercido ao serviço de comunidades paroquiais, primeiro no arciprestado de Arcos de Valdevez, agora no arciprestado de Caminha. A assembleia teve como pano de fundo a “família e a sua missão na transmissão da fé», uma missão que «começa no âmbito dos próprios membros » e que depois se alarga «a todos os membros da comunidade cristã», disse o prelado na missa celebrada no santuário de Nossa Senhora da Cabeça. Neste campo da transmissão encontram-se pais «corajosos» que tomam a dianteira de «aprofundar a fé a fim de a poderem transmitir aos seus filhos», mas apercebemo-nos do «desalento que atinge actualmente muitos outros pais na sua missão de formadores». É precisamente para estes, recomendou D. José Pedreira, que se devem promover «serviços acolhedores, dedicados e perseverantes» dos catequistas da comunidade, enquanto estrutura de serviço paroquial. Mais do que lamentar ou criticar a ausência dos pais no desempenho da sua missão, D. José Pedreira pediu aos catequistas que fortaleçam a esperança familiar, levando-lhes «as razões da nossa confiança», apresentando os «valores cristãos capazes de superar a presença maciça do ambiente de relativismo que desmobiliza os pais na transmissão de valores autêntico ». «Eles [os pais] tendem a solicitar-vos que sejais os primeiros educadores da fé das gerações mais jovens», disse também o Bispo de Viana enquanto falava aos catequistas para explicar a sua missão na actualidade. O desempenho desta missão «insubstituível», como observou o Sínodo Diocesano, requer de cada um dos catequistas «grande disponibilidade para aprofundar a própria formação e um cuidado permanente muito particular com a formação espiritual». No final da homilia, D. José Pedreira relembrou aos catequistas que nada os pode «desmobilizar» nesta missão de educadores da fé. Contudo e apesar de todas as crises, a família continua a ser o «lugar de encontro com Deus, lugar de união entre a fé e a vida». Durante a manhã, o padre Fernando Caldas, Vice-Reitor do Pontifício Colégio Português em Roma, falou do sonho da «família evangelizada e evangelizadora». A vida conjugal e familiar, descreveu o sacerdote, vivida segundo o desígnio de Deus, constitui por si um “Evangelho” no qual se pode “ler” o rosto de Deus-família e o Seu amor nupcial pela humanidade. Mas o drama que hoje se vive de uma criança nascer- se cristã, mas não se tornar cristã, não pode apenas ser atribuído à família. Disse que é necessário ter atenção à «família real e não à família sonhada» e diante das situações concretas «reconhecer os casais/ /famílias como células vivas da comunidade, sujeito da pastoral». Sugerindo que cada comunidade cristã invista «mais energias na evangelização das famílias», o padre Fernando Caldas deixou a proposta concreta de criar uma «equipa de formação de pais» e, baseando- se numa experiência realizada em Itália, apresentou o «método a quatro tempos». DM/Paulo Gomes

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Agência ECCLESIA

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