Crise: Cáritas Portuguesa teme agravamento

Eugénio Fonseca, presidente da organização, alerta para conflitualidade e aumento da pobreza num cenário que se deve manter nos próximos anos

Lisboa, 18 set 2012 (Ecclesia) – O presidente da Cáritas Portuguesa considera que a crise que o país se encontra a viver exige uma “cooperação reforçada” para fazer face à persistência e aumento dos casos de “carência grave”.

“Tornou-se evidente, há muito, que é gravíssima a crise em que vivemos e não existem motivos para admitirmos que ela vai abrandar no curto prazo”, refere Eugénio Fonseca, num artigo de opinião hoje publicado no Semanário Agência ECCLESIA.

Aludindo a um cenário de crescimento de “exclusão social e de marginalidade”, o responsável do organismo católico de solidariedade sublinha que “a par dos pobres tradicionais, aumenta constantemente o empobrecimento de famílias que, outrora, nunca puseram tal hipótese” e que “uma elevadíssima e crescente percentagem de jovens encontra-se bloqueada no acesso ao trabalho e à vida normal”.

“A conflituosidade familiar, social e política atingiram níveis tão preocupantes quanto desconhecidos e o número de suicídios constitui, para todos nós, um alerta permanente que não podemos descurar”, indica o presidente da Cáritas.

Após recordar vários alertas lançados sobre o “descalabro económico-social de Portugal”, este responsável observa que “até parece que alguns estão altamente empenhados em que se verifiquem os cenários mais negativos”.

“A conjuntura mundial, a globalização avassaladora, o capitalismo desregulado, a par das limitações das instâncias comunitárias (UE) e internacionais envolveram-nos num cerco asfixiante”, lamenta Eugénio Fonseca, para quem “vários fatores internos vêm reforçando o cerco”.

O presidente da Cáritas Portuguesa aponta o dedo, em particular, aos partidos políticos que quando estão na oposição contestam “as medidas que tomariam se fossem governo” e que adotam, no governo, “as que contestariam se fossem oposição”.

Este responsável defende que o país precisa de “sinais de esperança” e de uma “cooperação incondicional em todos os domínios de ação e em todos os níveis de decisão”.

Nesse sentido, acrescenta, “é indispensável que a própria ação social da Igreja, nos níveis paroquial, diocesano e nacional, inclua também a intervenção junto dos órgãos de decisão política”.

OC

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