Criadas células estaminais sem destruição de embriões

Descoberta pode acabar com várias reservas éticas A descoberta de cientistas norte-americanos pode acabar com as reservas éticas na produção de células estaminais. O estudo dá conta de uma técnica que não implica a destruição de embriões. A técnica, descrita na revista “Nature”, é inspirada no diagnóstico de pré-implantação, usado para escolher embriões criados através de fertilização in vitro livres de doenças genéticas. A equipa de Robert Lanza, da empresa Advanced Cell Technology (Massachusetts, EUA), já tinha conseguido fazer isto com células de ratinhos, no ano passado. Agora, conseguiu criar duas culturas de células estaminais embrionárias humanas, usando células colhidas em 16 embriões que sobravam de tratamentos de infertilidade. Com o método tradicional para obter células estaminais, os cientistas usam embriões que se desenvolveram durante cinco a seis dias, até serem uma minúscula bola com cerca de uma centena de células. Com o novo método, usam-se embriões bastante mais imaturos, com apenas oito células. É colhida apenas uma, que é cultivada em laboratório. O embrião não precisa de ser destruído – pode continuar a desenvolver-se até termo da gravidez, se for implantado no útero de uma mulher. Os cientistas testaram as culturas de células criadas com este método e confirmaram que podem ser usadas para produzir um vasto leque de tecidos. Para Daniel Serrão, membro do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, a produção de células estaminais sem destruir o embrião é uma notícia “verdadeiramente extraordinária, confirmando que a ética não é inimiga da ciência – quando a ética levanta dificuldades estimula a ciência a resolver os problemas”. “Nós sempre dissemos que o embrião tem direito absoluto à vida e ao desenvolvimento”, sublinhou em declarações à RR. Especialistas internacionais de Portugal, Alemanha, Reino Unido, Austrália, Itália e EUA vão debater, de 14 a 16 de Setembro, no Vaticano, diversos aspectos científicos e problemáticas bioéticas da investigação com células estaminais. A iniciativa é da Academia Pontifícia para a Vida (APV) e da Federação Internacional das Associações dos Médicos Católicos (FIAMC). O Congresso Internacional “Células estaminais: que futuro terapêutico?” decorrerá no Instituto Augustinianum, de Roma. Do comité científico do Congresso fazem parte, entre outros, Walter Osswald (FIAMC) e Daniel Serrão (APV), especialistas portugueses. Na mensagem em que apresentam o Congresso, D. Elio Sgreccia, presidente da APV, e Gian Luigi Gigli, presidente da FIAMC, indicam que, nos últimos, anos, “as células estaminais receberam uma atenção cada vez maior dos media, gerando interesse na opinião pública e suscitando um autêntico entusiasmo no mundo científico”. Mais informações disponíveis em www.stemcellsrome2006.org Redacção/Renascença

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