José Manuel Sardica, docente da UCP, destaca sinais de esperança e importância de apontar a uma superação da pandemia
Lisboa, 13 Abr 2020 (ECCLESIA) – José Manuel Sardica, professor da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa (UCP), disse ao programa ECCLESIA que esta Páscoa foi “diferente de todas as outras” até na segunda-feira que se lhe seguiu, “em muitos locais, um dia quase santo”.
“Todos esses hábitos e todos esses rituais que estão estabelecidos em muitas vilas e aldeias não pode ser cumprido devido à situação extraordinária que se vive”, precisou o entrevistado da emissão desta tarde, na RTP2.
Devido à pandemia de Covid-19, este ano as tradições pascais que se realizavam de norte a sul do país acabaram por ser “mais solitárias e menos vivido em sociabilidade”, de que os portugueses “não estavam à espera”.
A situação testa a “solidariedade, a coesão e a empatia” em relação ao outro.
“É também um teste imenso aos médicos, enfermeiros e voluntários que, de maneira anónima, ajudam quem está mais isolado”, completou José Manuel Sardica.
As sociedades latinas têm “esse lado de solidariedade e de empatia que sai à rua e se mostra nestas horas mais complicadas”, realçou o professor da UCP
Para o entrevistado, um Estado que deixe “morrer um dos cidadãos”, porque “este não tem poder económico” para ter um seguro ou ir a um hospital privado, é “um Estado que não cumpre a mais básica das obrigações contratualizadas com esse cidadão”.
O professor da Faculdade de Ciências Humanas da UCP destaca que mesmo as pessoas que não lidam diretamente com outros que tenham o vírus pandémico, vivem “ao ritmo dos números” divulgados diariamente.
“É como se a vida pulsasse ao nível das estatísticas”, adiantou José Manuel Sardica.
Apesar dos dados divulgados, o entrevistado admite “alguma esperança” ao olhar para a situação em Portugal”, em tempo de celebração de ressurreição.
Com a suspensão das celebrações comunitárias, os novos meios tecnológicos dão a oportunidade de acompanhar as Missas e alguns párocos “estão surpreendidos” por chegar a mais pessoas do que antes.
“Desmaterializando a Missa, ela chega mais longe”, disse José Manuel Sardica.
Em relação ao futuro, o professor universitário sublinha que só se saberá “se as medidas tomadas agora foram boas se elas tiverem atingido o equilíbrio entre combater a pandemia sem asfixiar a parte económica”.
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