Novo documento por «um mundo mais justo e saudável» alerta para «crises simultâneas e interligadas», que afetam «desproporcionalmente os pobres e vulneráveis»
Cidade do Vaticano, 29 dez 2020 (Ecclesia) – A Comissão do Vaticano para a Covid-19 e a Academia Pontifícia para a Vida (Santa Sé) publicaram hoje um documento em que pedem ‘Vacina para todos’ na resposta à pandemia.
“A Covid-19 está a exacerbar uma ameaça tripla de crises simultâneas e interligadas de saúde, económicas e socioecológicas, que estão a afetar desproporcionalmente os pobres e vulneráveis. À medida que avançamos em direção a uma recuperação justa, devemos assegurar que as curas imediatas para as crises se tornem degraus para uma sociedade mais justa, com um conjunto de sistemas inclusivos e interdependentes”, lê-se no documento enviado à Agência ECCLESIA.
A Comissão do Vaticano para a Covid-19 e a Academia Pontifícia para a Vida explicam que “é essencial para uma ‘cura’ global e regenerativa” criar medidas imediatas para responder à pandemia originada pelo novo coronavirus, tendo presente os “seus efeitos de longo prazo”.
“Se as respostas se limitarem apenas ao nível organizacional e operacional, sem o reexame das causas para as dificuldades atuais que podemos dispor para uma conversão real, nunca teremos aquelas transformações sociais e planetárias de que tanto precisamos”, acrescentam as instituições.
‘‘Vacina para todos. 20 pontos por um mundo mais justo e saudável’ é o nome do documento conjunto, que se divide em três áreas: “contexto; vacinas” e “diretrizes” para a referida comissão.
O documento cita o Papa Francisco, que em várias ocasiões afirmou “a necessidade de tornar as vacinas contra a Covid-19 disponíveis e acessíveis a todos”.
O texto evoca os princípios de justiça, solidariedade e inclusão, “um horizonte amplo que evoca os princípios da Doutrina Social da Igreja” e os valores “partilhados nas emergências de saúde”.
A Comissão do Vaticano para a Covid-19 e da Academia Pontifícia para a Vida refletem também sobre as etapas da vacina – pesquisa e produção, a aprovação, distribuição e administração -, assinalando que um “objetivo comercial não é eticamente aceitável”.
A Santa Sé sustenta que os investimentos na área médica “devem encontrar o seu significado mais profundo na solidariedade humana”.
O texto assinala que a toma da vacina envolve “uma relação entre saúde pessoal e saúde pública, mostrando sua estreita interdependência”.
O terceiro ponto do documento apresenta ‘diretrizes’ em relação à vacina, com seis objetivos, como uma “avaliação ético-científica”, que possa “contribuir para as avaliações da qualidade, metodologia e preços das vacinas, necessários para uma distribuição equitativa aos mais vulneráveis”.
“A intenção geral é obter uma vacina segura e eficaz contra a Covid-19, de modo que o tratamento esteja disponível para todos, com uma preocupação especial para os mais vulneráveis, respeitando a equidade em todo o espectro de desenvolvimento/implantação da vacina (pesquisa, design, produção , financiamento, distribuição, programas e implementação)”, contextualiza a Santa Sé, salientando que “transparência e comunicação são essenciais para promover a confiança e a adesão ao processo de vacinação”.
A comissão está também disponível, por exemplo, para uma “cura global com ‘sabor local’”, isto é, “desenvolver recursos para ajudar as Igrejas locais na preparação para esta iniciativa de vacinação e protocolos de tratamento nas suas comunidades específicas”, trabalhando “em estreita colaboração com as dioceses e comunidades cristãs”.
No objetivo número seis afirma-se que a Igreja está ao serviço da “cura do mundo” onde quer “liderar pelo exemplo de forma clara” e que contribua significativamente, entre outras coisas, “para alcançar o objetivo da distribuição equitativa das vacinas e tratamentos”.
CB/OC