Padre Miguel Neto acompanha comunidade em Tavira e chama a atenção para quem trata a pandemia como «fantochada»
Tavira, 18 jan 2021 (Ecclesia) – O padre Miguel Neto, da Diocese do Algarve, acompanhou um surto de Covid-19, num lar de Tavira, e chama a atenção para quem trata a pandemia como “fantochada”.
“No Lar de Santa Maria, em Tavira, desde que foi detetado um surto de COVID-19, já só há espaço para existir, porque a vida ficou na pausa”, escreve, num texto publicado hoje na Agência ECCLESIA.
O sacerdote afirma que, desde o dia 29 de dezembro, que “cerca de 90 pessoa só existem, não conseguem viver”.
“Existir significa cuidar ao máximo de todos, para que ninguém vá para o hospital, com a incerteza do regresso. Aqui, existir significa deixar as férias interrompidas, adiadas ou esquecidas, no cansaço dos dias, para cuidar dos “seus”, de “todos”, mesmo sabendo que há grande probabilidade de ficar infetados, como os já estão aqueles de quem cuidam e os seus colegas”, aponta.
O padre Miguel Neto destaca mesmo que ali, “existir significa dar tudo – mentalmente, animicamente, fisicamente”, “porque cada um que parte sem regresso é uma cicatriz de fracasso na nossa alma”.
“Aqui, significa permanecer, ficar juntos desses “seus”, “nossos” que agora, nesta nova fronteira que nunca desejamos ou sonhámos, nos faz correr riscos, mas nos faz descobrir energias que não sabíamos ter, para cuidar, cuidar, cuidar, mesmo que possa ser a última coisa que façamos nesta vida”, assume.
O sacerdote chama ainda a atenção às teorias defendidas por muitos, que tratam a pandemia como uma “fantochada”.
“Fantochada e manipulação política é criticamos o Serviço Nacional de Saúde, sem conhecer e reconhecer verdadeiramente os médicos e enfermeiras que estão presentes constantemente junto dos que estão doentes ou que necessitam de vacinas, tantas vezes semanas seguidas sem um único dia de descanso”, sublinha.
O padre Miguel Neto termina o seu texto afirmando que “o cristão é aquele que procura a esperança, mesmo onde só espreita o vazio da morte e da ausência. É aquele que quer existir e viver e fazê-lo com e para os outros”.
SN