Marcelo Rebelo de Sousa recordou os que estão a sofrer por causa da pandemia
Porto, 25 jun 2020 (Ecclesia) – O Presidente da República visitou hoje um conjunto de instituições solidárias da Diocese do Porto, convidando a olhar para todos os que “estão a sofrer” por causa da pandemia de Covid-19
“É para eles que vai o nosso pensamento hoje, dure o que durar a pandemia. Nós estaremos com eles sempre, porque são tão portugueses como os outros portugueses; São aqueles que mais necessitam que mais precisam de nós neste momento de pandemia”, disse Marcelo Rebelo de Sousa na Obra Diocesana de Promoção Social do Porto.
No seu discurso, o chefe de Estado justificou esta visita com o desejo de estar “onde mais se sofre, com as pessoas que mais precisam dessa presença”, em particular “os que não têm nada, ou têm pouco, ou têm cada vez menos por causa da pandemia”.
“Para esses que vivem espalhados por todo o país, mas sobretudo para aqueles que vivem em áreas, como as áreas metropolitanas, onde em maior número o drama social está a bater à porta e foi esta mensagem muito simples que quis deixar”, acrescentou.
Marcelo Rebelo se Sousa agradeceu, através do bispo do Porto, “àquilo que tem sido o trabalho social de muitas e muitas instituições de solidariedade social ligadas à Igreja”.
D. Manuel Linda, que acompanhou a visita à Obra Diocesana de Promoção Social do Porto, destacou, no discurso que proferiu, que a Igreja Católica, e concretamente a diocese local, “está na dimensão social porque é da sua essência”, e a dois níveis: “O institucional e diria privado”.
“Por cerca de 150 centros sociais paroquiais, 28 misericórdias, com as Ordens Terceiras, e esta obra, além de outras instituições”, elencou.
O responsável católico recordou que a Igreja está presente no trabalho de “instituições de que se fala menos, mas também são determinantes”, como as Conferências Vicentinas, “com cerca de 5 mil militantes”, e a Cáritas Diocesana.
Estamos nesta atividade há muitos anos e queremos continuar até ao limite das nossas possibilidades”
O padre Lino Maia, assistente eclesiástico da Obra Diocesana de Promoção Social do Porto e presidente da CNIS, defendeu a “integração das pessoas dos bairros na vida quotidiana, na vida social”, para que esta população deixe de ser “pensada como marginal, dos problemas”.
Quando muitas instituições estão com problemas financeiras, o presidente da República disse ter “a certeza” de que o Estado estará atento a essa situação, que é “vital para os tais mais pobres, mais dependentes, mais explorados, mais carenciados que mais estão a sofrer com a Covid-19”.
“Sou muito sensível a essa preocupação. Ainda há dias o padre Lino Maia, em nome das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), como a União das Misericórdias Portuguesas, chamou a atenção para o acompanhamento e a sensibilidade por parte do Estado para instituições que, por todo o país, constituem tecido tão importante”, respondeu à Agência ECCLESIA.
Marcelo Rebelo de Sousa visitou os Centros Sociais do Lagarteiro e de S. Roque da Lameira, da Obra Diocesana de Promoção Social do Porto (ODPS).
O presidente do conselho de administração da ODPS assinalou a necessidade da “implementação de um verdadeiro plano de emergência social, pelo governo de Portugal” por causa dos “graves problemas de sustentabilidade das IPSS”.
“O aumento de 3,5% para 2020 das comparticipações previstas nos acordos de cooperação da Segurança Social é manifestamente insuficiente para fazer face aos seus compromissos financeiros”, afirmou Manuel Maria Moreira, no seu discurso.
A ODPS, IPSS fundada a 6 de fevereiro de 1964 por iniciativa da Diocese do Porto, tem 12 centros sociais que na área da infância apoiam 944 crianças; nas respostas para a 3.ª idade tem 836 utentes; mais de 70 famílias no Centro de Apoio à Família e Aconselhamento Parental; as cantinas sociais servem todos os dias refeições a 130 utentes, almoços e jantares.
“A situação financeira que não é fácil, é demasiado exigente, difícil de corresponder”, acrescentou Manuel Maria Moreira, adiantando que têm um “orçamento de 7 milhões e 700 mil euros por ano” e o valor que recebem da Segurança Social, a sua “principal parceira”, “não cobre o valor dos 359 colaboradores”.
O presidente da República visitou também o Serviço ‘Porta Solidária’ do Centro Social da Paróquia da Senhora da Conceição, na Praça do Marquês de Pombal; esta noite (21h00) vai distribuir refeições a pessoas em situação de sem-abrigo, com os voluntários ‘Coração na Rua’.
LS/CB/OC
A atualização dos contratos com o Governo é um assunto pré-pandemia e o padre Lino Maia, presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS), espera “boas notícias dentro de dias”, salientando que o presidente da República “tem sido um elo de ligação muito importante na sua magistratura de influência, junto do Governo”. |