Rita Valadas destaca impacto da pandemia, que chega a novas pessoas e famílias
Lisboa, 01 Mar 2021 (ECCLESIA) – A presidente da Cáritas Portuguesa disse à Agência ECCLESIA que a pandemia “fez aumentar os pedidos de ajuda” e a situação está “avolumar-se” com o passar do tempo.
“A situação atual está a prejudicar pessoas que não estavam habituadas às dificuldades financeiras e abrange até aquelas que entravam na nossa rede para doar e agora estão na necessidade de pedir e solicitar ajuda”, referiu Rita Valadas ao Programa ECCLESIA emitido esta segunda-feira na RTP2 no contexto da Semana Cáritas.
Com uma vida organizada e estruturada no seu próprio negócio, “o sonho de vida de muitas pessoas ficou abalroado”, acrescentou.
A Cáritas Portuguesa está a celebrar desde domingo até 7 de março a sua semana nacional, este ano com atenção reforçada aos efeitos da pandemia e um peditório online, destinado às respostas solidárias da organização católica.
A iniciativa assinala, em 2021, os 65 anos da organização católica, com o tema “Cáritas, o amor que transforma”.
Rita Valadas indica que a diminuição de rendimentos coloca “incerteza na vida das pessoas”.
Num programa nacional, criado para as questões relacionadas com a pandemia, a Cáritas deu resposta “a mais de oito mil pedidos de ajuda, entre abril e dezembro”.
Em 2020, a rede Cáritas teve” um acréscimo de 10%”, frisou Rita Valadas, destacando que a tendência das pessoas que estão no terreno “não é valorizar os números”, já que a organização consegue “dar uma visibilidade diferente” às várias situações.
A responsável destaca que o combate à pobreza não pode ser só visto apenas como estratégia, mas “na proximidade”, uma rede capilar.
“Não há nada mais próximo do que a Igreja do bairro”, sustentou Rita Valadas.
Para a presidente da Cáritas, a Estratégia Nacional de Luta contra a Pobreza tem uma “missão difícil” que é tentar alterar o paradigma, contrariando a tendência de proceder a operações de “cosmética”.
“A pobreza estrutural está extremamente agravada com a situação atual”, sustentou.
Questionada sobre o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), a presidente da Cáritas Portuguesa assinalou que “os milhões são tostões se não forem bem aproveitados”.
“Construir a resiliência das respostas sociais é muito importante”, mas “mais do que colocar milhões em cima da mesa” é fundamental ter uma “grande orientação” no gasto das verbas, sustentou.
Em relação às verbas vindas da chamada ‘bazuca’ europeia, Rita Valadas tem esperanças e receios porque esta “é uma oportunidade única”.
“Não nos podemos dar ao luxo de perder esta oportunidade”, reforça.
Na Quaresma de 2021, a Cáritas Portuguesa oferece, pela primeira vez, um itinerário de preparação para a Páscoa, com propostas que vão da oração individual pelos doentes, pelos jovens, a iniciativas mais concretas de partilha quaresmal ou de gestos de solidariedade e amizade, como, por exemplo, um telefonema para uma pessoa amiga ou um familiar.
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Portugal: Cáritas celebra Semana Nacional com atenção reforçada à pandemia (c/vídeo)