«VVV… Vamos Vencer o Vírus», afirma o médico pedopsiquiatra, desafiando todas as pessoas a colocar um «V» no «olhar, nas palavras, nos sorrisos»
Lisboa, 19 mar 2020 (Ecclesia) – O Médico pedopsiquiatra Pedro Strecht sugere que cada pessoa coloque um ‘V’ em todas as suas atitudes para “vencer o vírus” com os comportamentos do quotidiano e aponta 10 “dicas para Pais em tempo de pandemia”.
“VVV… Vamos Vencer o Vírus! Vamos pôr um V no nosso olhar, nas palavras, nos sorrisos, nos abraços e nos beijos que, por agora, nos aconselham a não dar. Vamos por um V às nossa janelas”, afirma Pedro Strecht num artigo de opinião publicado na Agência ECCLESIA.
Para o médico pedopsiquiatra, o problema começa por equacionar o medo verso o pânico.
“O que as crianças e os adolescentes pensam e sentem depende ainda muito da atitude dos adultos. Eles são o principal espelho da sua estabilidade emocional. Os medos existem e protegem-nos: são estruturantes. O pânico desorganiza, produz mais riscos sobre uma situação de tensão”, afirma.
Pedro Strecht considera que “uma função dos pais é serem verdadeiros ansiolíticos das respostas dos filhos”, indicando depois a importância da informação e do conhecimento, onde a “função de filtro é muito importante”.
“É importante mantermo-nos informados. As novas tecnologias de informação permitem o acesso a um mundo infinito de factos e números: geram e desfazem expectativas e ilusões. Mas a função de filtro é muito importante nestes momentos. Nem tudo interessa. Nem tudo é verdadeiro ou tem uma base científica. Demasiada informação já não esclarece: confunde”, escreve.
O médico pedopsiquiatra indica que é necessário “desligar”, porque “ninguém se organiza emocionalmente bem se permanecer como contínuo recetor de tudo quanto sucessivamente está a acontecer”, valorizando os tempos para “respirar o silêncio, a pausa, um certo vazio estruturante”.
Pedro Strecht considera que “isto não é uma guerra”, mesmo assumindo que se trata de uma “situação difícil que obriga a adaptações importantes e temporárias”.
“Todos os seres humanos estão do mesmo lado! Estamos em família, juntos, não há pais ou filhos a partirem para outros locais, a morrerem longe ou de forma inesperada. Por outro lado, a história recente indica que o homem tem vencido estas batalhas, mesmo que por vezes leve algum tempo”, lembra o pedopsiquiatra
A quinta “dica” do médico aos pais diz que as autoridades de saúde e os portugueses estão a “agir bem”, admite que há “riscos”, que “neste tipo de situação morrem, infelizmente, pessoas”, desejando que os números finais não sejam tão acentuados como as perspetivas, como aconteceu há cerca de 10 anos com a epidemia por gripe A.
“Lidar com o desconhecido” é, para Pedro Strecht, o que “talvez mais inquiete” porque “não se vê e o que não se controla” e “o homem habituou-se demasiado a ter a (falsa) ideia de que sabe e domina tudo em seu redor”, criando uma “falsa ideia de uma imortalidade física ou, pelo menos, de uma amortalidade, isto é, não morrer mais de causas naturais”.
“Mas, crentes de todos os maravilhosos avanços que conseguimos, vale a pena respeitar um conceito de transcendência: nem tudo depende de nós. Será que ainda conseguimos?”, interroga-se.
“Olhar para dentro” é a sétima dica do médico pedopsiquiatra, certo de que “viver a restrição de uma circulação pública, estar confinado a um espaço de casa ou de quarto, obriga a parar”, a “cessar transitoriamente determinado tipo de estímulos” e a “repensar sobre o âmago da vida, da nossa existência até”.
“Simplificar” e “pedir ajuda, manter a esperança” outras propostas de Pedro Strecht, considerando que “pedir e aceitar ajuda não tem que ser um sinal de fragilidade”, mas “pode ser apenas um sinal de humildade e lucidez”.
Em décimo lugar, o médico pedopsiquiatra diz que é necessário “prosseguir, mesmo diante de situações adversas”, certo de que há ocasiões em que “não é mesmo possível fazer mais nada do que serenamente deixar fluir o tempo, boiar à tona de águas difíceis e crer que, mesmo assim, a força da corrente nos levará em breve para a areia quente de uma praia tranquila”.
“Vai tudo correr bem! VVV… Vamos Vencer o Vírus!”, conclui Pedro Strecht.
PR