Preocupação tem sido assumida por responsáveis católicos em Portugal
Cidade do Vaticano, 06 abr 2020 (Ecclesia) – O Papa alertou hoje no Vaticano para a sobrelotação das cadeias e as consequências que a pandemia de Covid-19 pode provocar nos estabelecimentos prisionais.
“Penso num grave problema em várias partes do mundo: gostaria que hoje rezássemos pelo problema da sobrelotação nas prisões. Onde há sobrelotação – muita gente ali – há o perigo, nesta pandemia, de que se acabe numa grave calamidade”, disse, antes da Missa a que presidiu na Capela da Casa de Santa Marta, com transmissão online.
“Rezemos pelos responsáveis, por aqueles que devem tomar as decisões sobre isto, a fim de que encontrem um caminho justo e criativo para resolver o problema”, acrescentou.
Este domingo, o cardeal-patriarca de Lisboa referiu que ceder indultos ou conceder um perdão parcial de penas “são medidas que partem do que já está previsto”, e o que está a ser feito é alargá-las, “sem pôr em causa de maneira nenhuma a segurança pública”.
“Vão também ao encontro do que a Organização Mundial de Saúde e outros governos da Europa já têm avançado”, referiu à Renascença o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa.
Já o coordenador nacional da pastoral penitenciária, padre João Gonçalves, destacou à Agência ECCLESIA as “razões humanitárias” que levam o Governo a ponderar a libertação de reclusos, devido à pandemia de Covid-19, e refere que se tratam de “casos concretos”.
“O Governo propõe um conjunto de indultos por razões humanitárias que é uma coisa muito bonita, uma expressão interessante porque se vai jogar concretamente com a lei de execução de penas que pode trazer processos de libertação mais humanos e que ponham em resposta aquilo que é a recuperação da pessoa”, referiu.
A Obra Vicentina de Auxílio aos Reclusos – Sociedade de S. Vicente de Paulo também saudou a intenção de libertar reclusos antes da conclusão da pena, mas apelou a um alargamento da aplicabilidade do perdão de penas aos jovens que se encontram nos Centros Educativos de Menores.
“Há a omissão da consideração particular das mães reclusas com filhos menores”, refere um comunicado do organismo católico, enviado à Agência ECCLESIA.
O presidente da República Portuguesa afirmou hoje que as medidas de proteção dos reclusos face à Covid-19 correspondem a um apelo da sociedade e da Igreja Católica.
“O apelo relativamente à situação sanitária nas prisões foi um apelo que veio de vários setores da sociedade portuguesa, talvez o primeiro tenha sido a Igreja Católica. Ainda ontem [domingo] no final da celebração na Catedral ouvimos o cardeal-patriarca de Lisboa exprimir esse apelo, como quem diz: há uma preocupação quanto ao risco de agravamento da situação sanitária nos estabelecimentos prisionais”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio de Belém, falando aos jornalistas.
OC
Notícia atualizada às 22h00
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Estamos no mundo, para amar a Deus e aos outros. O drama que estamos a atravessar impele-nos a levar a sério o que é sério, a não nos perdermos em coisas de pouco valor; a redescobrir que a vida não serve, se não se serve. Porque a vida mede-se pelo amor.
— Papa Francisco (@Pontifex_pt) April 6, 2020
