Cardeal Miguel Ángel Ayuso falou ao clero das dioceses do Sul, em jornadas de formação online
Lisboa, 19 jan 2021 (Ecclesia) – O cardeal Miguel Ángel Ayuso Guixot, presidente do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-Religioso (Santa Sé), disse hoje aos padres das dioceses portuguesas de Évora, Beja e Algarve que a pandemia reforçou a necessidade de diálogo entre crentes.
“Devemos percorrer juntos o caminho da solidariedade, da fraternidade para reavivar os verdadeiros valores espirituais, para aliviar os sofrimentos desta humanidade ferida”, indicou o colaborador do Papa, na conferência com que concluiu a sua participação nas jornadas de formação do clero das dioceses do Sul, este ano em versão online.
O membro da Cúria Romana destacou a noção de “fragilidade e interdependência” que a Covid-19 veio reforçar, porque a pandemia que não distingue religiões ou classes sociais.
Segundo o conferencista, as medidas sanitárias e, em particular, o confinamento, “mudaram a forma de pensar, de viver”.
“A pandemia está a ajudar-nos a descobrir uma solidariedade humana, inter-religiosa”, apontou.
Numa intervenção sobre o tema ‘O diálogo inter-religioso ao serviço de toda a humanidade’, o cardeal espanhol destacou a proximidade espiritual do Papa a quem sofre e o seu apelo para “aumentar a solidariedade e a cooperação inter-religiosa”.
Aos responsáveis religiosos, acrescentou D. Miguel Ángel Ayuso, compete criar “esperança” para as pessoas, que já sentem o “cansaço” e o “desânimo” dos sucessivos confinamentos.
“É preciso promover este espírito de comunhão, de amor fraterno, de igualdade, de justiça, de harmonia e de paz”, acrescentou.
A nova consciência de nossa humanidade comum, de nosso destino comum e da responsabilidade que partilhamos com os outros e com o mundo, deve encorajar-nos para continuar a desenvolver a sólida solidariedade inter-religiosa que existe agora, para o bem-estar da família humana, não apenas durante o período da pandemia, mas ainda mais além”.
O presidente do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-Religioso apelou à construção de “um novo mundo mais pacífico, mais solidário, que seja mais fraterno”.
“Promovamos a unidade, a solidariedade e a fraternidade entre todos, para que possamos enfrentar juntos e com coragem os desafios de hoje e do futuro imediato”, declarou.
A intervenção destacou as encíclicas Laudato si ’e Fratelli tutti, do Papa Francisco, como caminhos de encontro entre as várias religiões para “encontrar soluções duradouras para as questões ambientais e promover o desenvolvimento sustentável”.
“O Santo Padre está firmemente convencido de que, graças a uma colaboração autêntica entre os fiéis, se pode trabalhar para contribuir para o bem de todos, identificando as muitas injustiças que ainda afligem este mundo e condenando qualquer violência”, prosseguiu.
O responsável lamentou o esquecimento das “raízes cristãs” da Europa e falou em “crise da valores” e “vazio espiritual” num mundo “desumanizado”, que exigem um “diálogo baseado na fraternidade”.
“A minha esperança é que possamos sair da atual crise melhores e mais fortes, que possamos ajudar as nossas sociedades a serem mais humanas, tornando-se um lugar onde as pessoas cuidam umas das outras e protegem a criação”, concluiu.
OC