Covid-19: Pandemia é «grande oportunidade pastoral» desta geração, diz padre Patrício Oliveira

Quarta sessão dos colóquios «O desafio da (i)Humanidade de Grupo» destacou necessidade de alterar modelos de ação na Igreja Católica

Lisboa, 10 mar 2021 (Ecclesia) – O padre Patrício Oliveira, pároco da Marinha Grande, afirmou hoje que a pandemia “é a grande oportunidade pastoral” desta geração, falando na quarta sessão dos colóquios online ‘O desafio da (i)Humanidade de Grupo’.

O sacerdote da Diocese de Leiria-Fátima salientou que o atual momento “veio revelar algo que já antes era urgente” e que passa pela necessidade de alterar as práticas pastorais.

“O desafio da (i)Humanidade de grupo” é o tema do ciclo de debates que o Secretariado Nacional das Comunicações Sociais e a Agência ECCLESIA promovem desde 17 de fevereiro, a partir dos dois últimos documentos publicados pela Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), ”Recomeçar e reconstruir” e “Desafios pastorais da pandemia à Igreja em Portugal”.

“Este tempo revelou-me que, ao invés de planos pastorais, o que temos feito são planos de intensões”, disse o padre Patrício Oliveira.

Para este sacerdote, a Igreja não se pode contentar com a observação dos números, que nem sempre traduzem a realidade dos factos.

“É preciso fazer coisas que nos deixam desconfortáveis”, acrescentou o pároco da Marinha Grande.

A conferência contou com a intervenção da médica Sílvia Monteiro, da Equipa de Comunicação da Diocese de Coimbra, a qual salientou “estratégias de emergência” que importa pôr em prática e que, no seu entender, passam por “coragem criativa” e por uma aposta na qualidade.

A especialista de Cuidados Intensivo, desafiou a pastoral da saúde a não esgotar a sua ação no doente, desenvolvendo um trabalho pastoral a pensar também nos profissionais.

O padre Jorge Castela, coordenador da pastoral na Diocese da Guarda, chamou a atenção para o que considera o “risco” de a transmissão da Eucaristia nas plataformas digitais se tornar “um bem de consumo e conduzir a uma Igreja light”.

Para o pároco de Pinhel, as propostas digitais podem reforçar a ideia de que a fé é “coisa privada, feita no recato da vida de cada um e sem necessidade de expressão pública”.

O sacerdote destacou que “alguns colegas de sacerdócio que apenas viviam ocupados com a celebração da Missa e dos sacramentos”, pelo que estes tempos devem ter sido “reveladores da importância de outras dimensões”.

“Estaremos nós dispostos a mudar?”, questionou.

O padre Diamantino Alvaíde Duarte, coordenador da Pastoral da Diocese de Lamego, assinalou, por sua vez, que durante a pandemia houve muitos “sacerdotes e leigos com atitudes muito abnegadas, testemunhos de bons samaritanos e de cireneus”, exemplos que importa replicar.

Reconhecendo a interioridade geográfica e a desertificação humana que caracteriza esta região do país, o sacerdote também alertou para as consequências de uma Igreja demasiado rendida ao digital.

“Corremos o risco de inviabilizar a experiência de deserto proporcionado pela pandemia”, precisou.

A próxima sessão do ciclo “O desafio da (i)humanidade de grupo”, está prevista para o dia 17 de março.

As sessões decorrem na plataforma zoom (ID da reunião 874 6413 7929).

HM/OC

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