Secretariado Nacional das Comunicações Sociais promoveu nova sessão de debate sobre documentos da Conferência Episcopal para o pós-pandemia
Lisboa, 24 fev 2021 (Ecclesia) – O presidente da Cáritas Diocesana de Beja disse hoje que a pandemia originou novas situações de carência e fez “sobressair um conjunto de fragilidades que já existiam”, muitas vezes sem serem consideradas.
Isaurindo Oliveira, um dos convidados da sessão promovida pelo Secretariado Nacional das Comunicações Sociais e a Agência ECCLESIA para debater os documentos da Conferência Episcopal para o pós-pandemia, alertou para as pessoas em situação de sem-abrigo, as pessoas destruturadas, com dependências, todos os que “não deveriam ficar de fora numa reconstrução da sociedade”.
O responsável destacou ainda “o grande desenvolvimento positivo” na região, por causa do Alqueva, e o desenvolvimento agrícola, mas alertou para as “questões sociais e ambientais” que as empresas não podem ignorar, bem como os problemas que os migrantes encontram com a burocracia e a falta de salários justos.
O presidente da Cáritas Diocesana de Beja lamentou, a este respeito, a ausência da vacinação contra a Covid-19 dos migrantes, “residentes de segunda que não entram na história”.
Da Arquidiocese de Braga, o presidente da Comissão para a Pastoral Social e da Mobilidade e coordenador do Departamento para a Pastoral Sociocaritativa começou por salientar que “num mundo globalizado, um vírus foi muito mais rápido a globalizar do que qualquer bem”.
O cónego Roberto Rosmaninho Mariz destacou a disponibilidade da arquidiocese na “resposta de retaguarda”, ao abrir os hotéis no Bom Jesus, Sameiro e São Bento, “um instrumento bom que ainda está a ser usado”.
No debate sobre ‘O desafio da (i)Humanidade de grupo’, o sacerdote salientou também os espaços cedidos para as pessoas em situação de sem-abrigo, em Braga, Guimarães e Famalicão.
“Seria oportuno que a sociedade pudesse encontrar reposta que não seja ocasional. Uma resposta dentro desta realidade, que fosse estruturante”, acrescentou o cónego Roberto Rosmaninho Mariz.
Já o diretor do Departamento Sócio Caritativo da Arquidiocese de Évora realçou que a pandemia encontrou os responsáveis católicos “no terreno, a trabalhar duro” e alertou para a “desatenção” aos problemas reais dos mais pobres.
“Graças ao voluntariado, também o compromisso dos cristãos praticantes, estávamos no terreno, continuamos, e muitas vezes a encontrarmo-nos com realidades descritas no documento”, observou o cónego Silvestre Marques.
O responsável adiantou que houve um aumento de “30% de novos pedidos” em 2020, face a 2019.
João Maria Diogo, coordenador do grupo ‘+Coração’, na Diocese de Santarém, disse aos participantes que o projeto nasceu para apoiar as “pessoas carenciadas na cidade”, em 2013, e após a pandemia, em março de 2020, “teve de reinventar-se”, porque “solidariedade não podia confinar”.
As refeições passaram a ser entregues à porta, com um “aumento cerca de 50%” nos pedidos de ajuda.
No início da sessão, o bispo de Angra e presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, D. João Lavrador, alertou também para os “muitos problemas que se estão a viver”, por causa da crise pandémica, com consequências económicas, sociais, de desemprego e pobreza.
CB/OC
A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) publicou os documentos ”Recomeçar e reconstruir” e “Desafios pastorais da pandemia à Igreja em Portugal” nas suas duas últimas assembleias plenárias; o primeiro com análise e respostas sociais e o segundo relativo aos desafios pastorais.
As notas estão no centro de um ciclo de debates que o Secretariado Nacional das Comunicações Sociais e a Agência ECCLESIA estão a promover desde a Quarta-feira de Cinzas (17 de fevereiro). As próximas sessões, sempre na plataforma zoom (ID da reunião 874 6413 7929), acontecem a 3 de março, para analisar o documento “Recomeçar e reconstruir” e, nas duas quartas-feiras seguintes, sobre a vivência da fé em tempo de pandemia; uma última sessão, de síntese, acontece no dia 24 de março. |