Covid-19: Pandemia cancela Festas do Espírito Santo nos Açores

Praia da Vitória e Ponta Delgada deixam de realizar os Impérios e Coroações

Foto Arquivo

Angra, 30 mar 2020 (Ecclesia) – As Festas do Espírito Santo na Praia da Vitória e em Ponta Delgada, na Ilha Terceira, estão a ser canceladas ou adiadas devido à pandemia covid-19.

Citado pelo portal de informação da Diocese de Angra ‘Igreja Açores’, os responsáveis pelas ouvidorias (conjunto de paróquias) dos dois Concelhos afirmam que “foi difícil” cancelar uma das festas mais importantes, mas trata-se de uma “questão de bom senso”.

“Esta decisão de ter que adiar e cancelar tudo o que estava previsto para este ano e que já estava preparado é difícil mas é uma questão de bom senso que a maioria dos impérios da zona do Ramo Grande tomou”, disse o padre Emanuel Valadão Vaz, ouvidor da Praia da Vitória

O sacerdotes sublinha que a decisão de cancelar em nove paróquias da ouvidoria as Festas do Espírito santo “é muito corajosa e expressa bem a fé deste povo”.

Entre as Paróquias que já cancelaram as suas festas encontram-se as de Porto Martins, Fonte Bastardo, Agualva, Fontinhas, Vila Nova, Santa Rita, Santa Lúzia, São Brás e Casa da Ribeira, mas as “outras irão certamente no mesmo sentido”, diz ainda o ouvidor.

Segundo as orientações dos vários Impérios do Espírito Santo, o esquema das “sortes” tiradas para este ano manter-se-á em 2021, mantendo-se os mordomos, imperadores e coletividades que organizam cada um dos Impérios.

Numa nota enviada ao ‘Igreja Açores’, monsenhor José Constância, ouvidor de Ponta Delgada afirma que por causa da pandemia atual, “deve-se cancelar em toda a Ouvidoria as Festas do Espírito Santo(Impérios e Coroações)”.

PR

O culto ao Divino Espírito Santo é uma das marcas da religiosidade popular açoriana. Desde o primeiro domingo de Páscoa até à Trindade, as ilhas vivem intensamente o Espírito Santo.

Nesta altura, em cada lugar por onde se passa, respira-se um ambiente de festa – as ruas são vestidas de lâmpadas e bandeirinhas, as comissões e os seus ajudantes preparam as mesas para o jantar e, ao cair da noite, as pessoas caminham rumo ao império.

A peculiaridade principal deste culto no arquipélago é ser popular e desenvolver-se sob a forma de império, com uma forte carga profética e política, sem qualquer pretensão de imitação de papéis ou destituição de poderes.

À volta dos Impérios desenvolvem-se durante vários dias as festividades do Espírito Santo, imbuídas de um ideal caritativo e compostas por um conjunto de cerimónias religiosas e profanas: a “coroação” do Imperador Menino, o desfile de cortejos e o bodo de pão e de carne.

Durante cada semana das festividades veneram-se as insígnias do Divino na casa do Imperador e reza-se o terço à noite perante a coroa e a bandeira. Na sexta-feira, os bois são enfeitados e realiza-se a “procissão do vitelo”. Posteriormente, sacrificam-se os animais necessários para o bodo que o Imperador oferecerá no domingo aos convidados, retalha-se a carne para a sopa, o cozido e a alcatra do jantar e para as pensões a distribuir pelos pobres da freguesia. No sábado faz-se a distribuição de esmolas, compostas de carne, pão e vinho, benzidas pelo sacerdote.

www.igrejaacores.pt

 

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Agência ECCLESIA

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