Cardeal elogiou «lição» de responsabilidade dos peregrinos de Fátima
Fátima, 12 out 2020 (Ecclesia) – O cardeal D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima, apelou hoje à responsabilidade dos portugueses para travar a propagação da Covid-19 e evitar novos confinamentos e restrições, como aconteceu no segundo trimestre deste ano.
“No Natal, não podemos repetir o que aconteceu na Páscoa e isso depende de nós, do nosso comportamento. É a nossa escolha, é a nossa responsabilidade de cidadãos e de cristãos”, referiu o responsável católico, aos jornalistas, na conferência de imprensa de lançamento da peregrinação internacional aniversária de outubro.
“Estamos conscientes da gravidade da pandemia”, acrescentou.
A celebração anual da sexta e última das aparições de 1917, na Cova da Iria, acontece entre hoje e amanhã, sob as “restrições próprias” da pandemia, com participação limitada a cerca de 6 mil pessoas; as celebrações do 13 de maio deste ano tinham decorrido sem a presença de peregrinos.
“Estamos a viver um novo momento de provação e de escolha”, referiu D. António Marto, destacando que a segunda vaga da pandemia “levanta questões fundamentais” sobre a vida humana e “põe em causa muitos dos paradigmas” da sociedade contemporânea.
O cardeal português elogiou a “lição” de responsabilidade dos peregrinos de Fátima, considerando que “o comportamento da Igreja e dos cristãos, em geral, tem sido exemplar”.
Em maio, se bem recordamos, respeitaram o nosso apelo para não virem. Estou certo que agora o vão respeitar, na mesma, vindo, mas faseadamente, como aliás tem acontecido nestes últimos dias”.
O bispo de Leiria-Fátima manifestou a sua proximidade a todos os doentes afetados pela Covid-19, aos que faleceram e aos seus familiares.
D. José Ornelas, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, referiu, por sua vez, o impacto das medidas implementadas na Cova da Iria, para evitar riscos de propagação da pandemia.
“Uma das cosas que, evidentemente, a todos nos surpreende e até, de certo modo, nos choca, é ver o Santuário – que numa ocasião destas pululava de vida e de grupos de todo o mundo – com números tão reduzidos”, declarou o responsável, que preside à peregrinação do 13 de outubro.
O bispo de Setúbal sublinhou, a este respeito, o papel dos jornalistas.
“Estão vocês aqui, que são pontes, pontes para que aquilo que é importante chegue até às famílias, até às instituições onde tanta gente vive o isolamento, para que possa chegar esta Mensagem de Fátima”, acrescentou.
Já o reitor do Santuário de Fátima, padre Carlos Cabecinhas, falou numa “peregrinação difícil e com muitos condicionamentos”, desde a lotação limitada aos vários procedimentos de segurança.
Segundo o sacerdote, a limitação do número de peregrinos foi uma decisão “dolorosa” que se justifica com o “momento crítico” que o país vive, perante a propagação da Covid-19.
PR/OC
Nesta peregrinação participaram cerca de seis mil peregrinos, entre os quais três grupos organizados: dois portugueses e um francês.
As medidas em vigor para estes dias, que visam “uma ocupação do espaço do Recinto de Oração em segurança”, garantindo o devido distanciamento físico entre os peregrinos, passam pela delimitação de espaços, com perímetros de segurança e marcações no solo, para uma disposição uniforme da assembleia; um controlo e monitorização dos acessos; e um reforço da sinalética com as regras de segurança neste tempo de pandemia, determinando o uso obrigatório da máscara e a desinfeção das mãos. Estas medidas adicionais, determinadas especificamente para a peregrinação de outubro, complementam o Plano de Contingência do Santuário elaborado com base nas normas de controlo de infeção definidas pela Direção Geral da Saúde e nas orientações da Conferência Episcopal Portuguesa para a celebração do culto público católico no contexto da pandemia, além do Plano de Contingência para Infeções Respiratórias por Coronavírus do Santuário de Fátima. |
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