Covid-19: Muhammad Yunus defende que vacina deve ser «bem comum mundial»

Prémio Nobel da Paz concede entrevista ao jornal do Vaticano sobre o pós-pandemia

Cidade do Vaticano, 04 jul 2020 (Ecclesia) – Muhammad Yunus, prémio Nobel da Paz, defendeu hoje em entrevista ao jornal do Vaticano, ‘L’Osservatore Romano’, que a futura vacina para a Covid-19 deve ser um “bem comum”, disponível de forma universal.

“Repito este apelo através de vós, a fim de pressionar os governos a fazer esta declaração o mais rápido possível: fazer da vacina para a Covid-19 um bem comum mundial. Peço ao Papa Francisco que apoie esta iniciativa com a sua poderosa voz”, refere.

O economista, considerado o “pai do microcrédito”, assinala que as empresas que estão a desenvolver a vacina têm recebido fundos governamentais e contributos das universidades, a nível do conhecimento.

“As empresas podem ser pagas para tornar a vacina um bem comum global, mas a propriedade deve pertencer ao povo, não a uma empresa. Deve ser um bem ‘open source’, para que possa ser produzida em qualquer lugar, por qualquer pessoa, respeitando todos os requisitos regulamentares. Se quisermos torná-la acessível às pessoas em todo o mundo ao mesmo tempo, a vacina deve ser produzida em todo o mundo”, sustenta Muhammad Yunus.

O Nobel da Paz de 2006 alerta para o risco de “produção e venda de vacinas falsas”, em particular nos países mais pobres.

Foto: Lusa/EPA

Ana Maria Restrepo, uma das responsáveis pela área de investigação da OMS, afirmou que não há ainda previsão sobre quando existirá uma vacina, o que “depende de fatores que não podem ser antecipados”.

Atualmente, há 17 vacinas de quatro tipos diferentes em várias fases de ensaios clínicos, indicou.

A 3 de maio, no Vaticano, o Papa pediu um esforço internacional para encontrar vacina e tratamentos que ajudem a travar a pandemia.

“É importante, de facto, que se coloque ao dispor de todos a capacidade científica, de modo transparente e desinteressado, para encontrar vacinas e tratamentos, garantindo o acesso universal às tecnologias essenciais que permitam a cada pessoa contagiada, em qualquer parte do mundo, receber os cuidados sanitários de que necessita”, apontou.

Muhammad Yunus elogia o impacto global do discurso do Papa e considera que o pós-pandemia exige uma verdadeira “economia social”, que inclua o “interesse coletivo”.

OC

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Agência ECCLESIA

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