Parlamento aprovou voto de solidariedade com iniciativa de movimento de cidadãos, a que se associam as dioceses católicas
Lisboa, 22 out 2021 (Ecclesia) – A Jornada ‘Memória e Esperança’, que entre hoje e domingo promove centenas de iniciativas em memória das vítimas da Covid-19, em Portugal, quer ser um momento coletivo de “união” e esperança.
“A comunidade precisa de um momento de união, de partilha, de um momento cívico para assinalar o que aconteceu”, explica à Agência ECCLESIA Inês Espada Vieira, vice-presidente do Centro de Reflexão Cristã, que faz parte da comissão promotora da jornada.
A entrevistada assinala o impacto individual e coletiva da pandemia, com experiências de “dor, luto, trauma”.
“É preciso fazer uma paragem antes de fazer o que todos queremos, que é virar a página”, precisa, sublinhando que “a memória coletiva é fundamental para a união, o sentido de pertença”.
Inês Espada Vieira considera que é justo promover momentos de homenagem e celebração, recordando quem morreu e destacando a “tenacidade, persistência” e capacidade de entreajuda da população, além da “vontade política” que existiu no combate à Covid-19.
“Queremos que algumas destas lições de confiança nos façam um país melhor”, aponta.
A professora universitária recorda um tempo de sacrifício, marcado pela “incerteza”, e espera que sejam também de aprendizagem, para não “voltar atrás” e “reinventar” o futuro.
Se não aprendermos nada, é um tremendo desperdício do que tivemos de enfrentar. Às vezes, já tivemos todos a sensação, na nossa vida, de que isto está a voltar ao velho normal, e não o queremos”.
A iniciativa está aberta à participação das pessoas e instituições que o desejarem, tendo para isso sido criado o site memoriaeesperanca.pt, com as várias iniciativas propostas.
Este domingo, o presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, vai marcar presença na cerimónia de encerramento nos terrenos do Hospital de Santa Maria, antes da qual se vai plantar uma oliveira, a “árvore da esperança”, junto ao Pavilhão 1 do Estádio Universitário, em Lisboa, convertido no centro que maior número de vacinas distribuiu à população portuguesa.
Os sinos de igrejas e as sirenes dos bombeiros vão tocar este sábado, ao meio-dia, durante três minutos, um momento para o qual estão convidadas a partir as paróquias católicas.
Já no domingo, pelas 14h00, os portugueses são chamados a fazer um minuto de silêncio para fazer memória da pandemia a afirmar a “esperança na sua erradicação em todo o planeta”.
O Parlamento português aprovou hoje o Voto de Solidariedade n.º 687/XIV/3.ª, pela Jornada de Memória e Esperança, destacando o “esforço coletivo” que permitiu ao país atingir “os mais elevados níveis de vacinação”.
O texto apela a “uma reflexão conjunta sobre a forma como foi enfrentada e combatida: porque a pandemia tocou a todos, porque afetou todos os setores da sociedade, porque condicionou a vida de todos e a vida em sociedade”.
As várias bancadas parlamentares prestaram homenagem aos que estiveram envolvidos no combate à pandemia, em especial aos profissionais de saúde, apelando à “democratização” da vacina pelo mundo.
O grupo promotor da jornada integra pessoas de várias áreas, integrando músicos, atores, escritores, médicos, políticos, jornalistas e juristas.
OC