Documento conjunto, assinado pela Fundação Fé e Cooperação, alerta para «desigualdades globais desesperantes» no combate à pandemia
Lisboa, 10 mar 2021 (Ecclesia) – Líderes de organizações católicas para a justiça social, como a Fundação Fé e Cooperação (FEC), alertaram para as “desigualdades globais desesperantes” na distribuição das vacinas contra a Covid-19 para os países do sul e para as populações mais pobres.
“Desejamos chamar a atenção para a necessidade urgente de uma estrutura ética e eficaz na distribuição global de vacinas”, referem, em comunicado enviado à Agência ECCLESIA.
A nota refere relatos de comunidades que “sofreram as condições mais adversas sob a pandemia”, considerando que o atraso esperado e a escassez de vacinas para os países do Sul global e para as populações mais pobres “é nada menos que um escândalo internacional”.
Os 19 responsáveis lembram que, enquanto as comunidades do sul estiverem vulneráveis, “todos” estarão vulneráveis e citam o secretário-geral da ONU, António Guterres: “Se o vírus se espalhar como um incêndio no Sul global, sofrerá mutações repetidas vezes”.
“Os decisores políticos dos países desenvolvidos têm a oportunidade de melhorar a resiliência internacional a futuras pandemias para o bem-estar, a longo prazo, dos seus cidadãos e das populações mais vulneráveis; A monopolização das vacinas e das suas patentes pelos Estados mais ricos é uma resposta míope à crise da Covid-19”, desenvolvem os subscritores da posição conjunta.
Os signatários assinalam que uma proposta de “renúncia ao TRIPS” – o Acordo Sobre os Aspetos dos Direitos de Propriedade Intelectual – na Organização Mundial do Comércio permitiria a todos os países “aumentar e diversificar” a produção de vacinas contra a Covid-19, mas os países desenvolvidos e poderosos do Norte – incluindo a UE, os EUA, o Reino Unido e o Canadá – “bloquearam a renúncia”.
O Conselho TRIPS reúne hoje e esta quinta-feira, e a CIDSE, aliança católica internacional de agências de desenvolvimento a que pertence a Fundação Fé e Cooperação, junta-se a outras ONG para o desenvolvimento e para a saúde, bem como ao Vaticano, “num apelo urgente por igual acesso global às vacinas”.
Os responsáveis por estas organizações afirmam também que a anulação da dívida global do Sul “libertaria enormes fundos” para a melhoria dos sistemas nacionais de saúde de distribuição e aumentaria as condições dos cuidados de isolamento dos doentes.
“Este é um fator imperativo para que os países do Sul se possam preparar para a longa luta contra a Covid-19 e futuras possíveis pandemias”, acrescentam, no comunicado divulgado online pela FEC.
CB/OC