«As medidas apenas protegem que já estava socialmente protegido», considera diretora técnica do Centro Social Paroquial
Lisboa, 03 abr 2020 (Ecclesia) – O Centro Social Paroquial Nuno Álvares Pereira de S. Tiago de Camarate, no Patriarca de Lisboa, começa a sentir os efeitos da crise provocada pela Covid-19 e os telefones começaram a tocar nos primeiros dias após a declaração do estado de emergência.
Filipa Sampaio Mineiro, diretora técnica da instituição, dá conta da preocupação sentida pelos utentes, que receavam a suspensão do apoio alimentar.
“Começamos a notar uma grande ansiedade, foram muitos os telefonemas que mostravam que as pessoas estavam receosas que esse apoio acabasse”, refere, em entrevista à Agência ECCLESIA.
Esta responsável reconhece a precariedade que caracteriza grande parte dos vínculos laborais da população, considerando que isso vai ter consequências.
“Todas as medidas agora impostas pelo governo foram para proteger quem já estava protegido socialmente”, adverte Filipa Mineiro.
O Centro Social Paroquial de Camarate foi forçado a fechar os infantários e a colocar alguns colaboradores em teletrabalho, o que causa problemas a algumas famílias.
“Uma mãe estava aflita porque trabalha num Lar, exigem a sua presença e não tem onde deixar os filhos”, exemplifica a entrevistada.
Filipa Sampaio Mineiro assinala que já há pedidos de auxílio motivados por esta crise pandémica.
“A situação real das pessoas é a da precariedade laboral e, como tal, com dificuldade em aceder aos apoios sociais anunciados”, precisa.
Esta foi uma das razões para a equipa de voluntários da Paróquia assumir a responsabilidade pela distribuição de alimentos.
A diretora técnica teme o final do mês de abril, considerando que por essa altura se vão sentir as situações mais complicadas, dado que as pessoas já viviam um dia a dia de cálculos e pagamentos a prazo das suas contas.
São agregados que não podem estar um mês sem receber ordenado. Temos muita gente que trabalha em serviço doméstico, que não está protegida socialmente porque na maioria não possui contratos de trabalho”.
O apoio alimentar em Camarate recebeu também o apoio da Cáritas Diocesana de Lisboa que, através da Cáritas paroquial, potencia assim este auxílio social levado a cabo pelos voluntários da paróquia e pelo Centro Social.
OC