«Todas as pessoas em todo o mundo estão em perigo, independentemente da sua religião» – Cecil Shane Chaudhry
Lisboa, 20 mai 2020 (Ecclesia) – O diretor-executivo da Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP) do Paquistão alerta que existem organizações religiosas e mesquitas que discriminaram a comunidade cristã na distribuição de alimentos e de material de emergência na atual pandemia do coronavírus Covid-19.
“Todas as pessoas em todo o mundo estão em perigo, independentemente da sua religião. Como se pode negar comida e outras ajudas de emergência a cristãos e membros de outras minorias, especialmente quando eles estão entre os que mais sofrem?”, questionou Cecil Shane Chaudhry.
Numa nota enviada hoje à Agência ECCLESIA, pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), o diretor-executivo da CNJP do Paquistão disse que “umas cem famílias foram excluídas da ajuda alimentar por serem não-muçulmanos”, em Sandha Kalan, no distrito de Kasur, no Punjab.
Segundo Cecil Shane Chaudhry esta não foi uma situação isolada e também foi negada a distribuição de comida aos cristãos de uma aldeia perto de Lahore, em Raiwind Road, divulga o Secretariado português da AIS.
O diretor-executivo da Comissão Nacional Justiça e Paz Paquistão adiantou que tem alertado o Governo Paquistanês para a distribuição a os trabalhadores de máscaras e luvas de proteção e contextualiza que os cristãos e membros de outras minorias religiosas fazem parte dos sectores mais vulneráveis da população e, normalmente, têm as tarefas mais duras e mal remuneradas, como limpeza de canalizações e esgotos
O Secretariado português da fundação pontifícia AIS lembra que Joel Amir Sahotra, antigo membro do Parlamento Provincial do Punjab, já tinha alertado para a existência de casos de marginalização de cristãos e outras minorias religiosas.
“Estamos a viver os momentos mais difíceis das nossas vidas devido ao coronavírus que se está a espalhar dia a dia, momento a momento”, alertou no final de abril, salientando que o Paquistão é “um país do terceiro mundo com falta de recursos médicos”.
Na mensagem vídeo enviada para Lisboa, Joel Amir Sahotra explicou que estavam a “observar a discriminação religiosa contra a comunidade cristã e hindu” e denunciou que a organização Saylani que estava “a fornecer alimentos e bens essenciais lamentavelmente não está preparada para distribuir os mesmos bens às minorias religiosas não muçulmanas”, principalmente em Karachi, “a maior cidade do Paquistão”.
A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre está a promover um programa internacional para a ajuda de emergência de cinco milhões de euros para apoiar o trabalho das igrejas e das comunidades cristãs em todo o mundo no combate à pandemia do coronavírus.
CB/OC