«Este é um desejo que todos temos, recomeçar juntos», afirma o presidente da Comissão que tutela a Liturgia
Bragança, 07 mai 2020 (Ecclesia) – O bispo de Bragança-Miranda pede corresponsabilidade a todos na decisão de retomar a celebração comunitária da Eucaristia, “essencial para a Igreja”, afirmando a necessidade de cuidados “especiais”.
“Estamos a trabalhar (esse assunto) na Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), as orientações para este tempo de pandemia; temos de fazer essas linhas guias para o bem de todos, cuidando do bem maior que é a graça de Deus em nós”, afirma à Agência ECCLESIA o presidente da Comissão Episcopal de Liturgia e Espiritualidade.
D. José Cordeiro rejeita uma espécie de “reforma litúrgica” decorrente da pandemia de Covid-19, mas indica haver uma “série de cuidados e exigências sanitárias que no desenvolvimento dos ritos, dos sacramentos e celebrações litúrgicas comunitárias” se terão em conta, ainda sem determinar o tempo que em isso irá acontecer.
Tudo o que é contacto físico vai ter um especial cuidado e atenção, não pode acontecer. Temos outras formas de fazer acontecer: o gesto da paz pode ser feito com uma inclinação, havendo uma distância física de dois metros, as pessoas ficarão com quatro metros quadrados à sua volta mais direcionadas ao essencial, ao altar à escuta da Palavra”, indica.
D. José Cordeiro fala numa “reaprendizagem” a fazer, mas alerta que este distanciamento físico não deverá levar a um afastamento “espiritual, social ou a aceção de pessoas”.
“É muito delicado e exige muito cuidado, no diálogo com as autoridades sanitárias e no respeito dos fundamentos e na substância da Liturgia, por si já sóbria, mas nos gestos ainda vai ser mais contida. Haverá cuidado antes da Missa, durante a Missa e depois da Missa, porque temos de ser muito corresponsáveis nesta situação delicada”, destaca.
O responsável pede que se alastre “por contágio e numa atitude alargada a fé, a esperança e o amor”, que convida a “convergir para o essencial que é Cristo”.
“A sobriedade dos gestos e dos ritos vai fazer com que os sacramentos sejam ainda mais significativos na história da nossa vida, na história da Igreja e da comunidade”, realça.
Sobre o debate em torno da eventual demora no regresso das celebrações comunitárias, D. José Cordeiro afirma que tem sido abordado nas visitas que realiza, acompanhando as equipas da Cáritas junto das pessoas mais fragilizadas.
“Diz-se nas aldeias já terem reunidas as condições, mas nós somos um corpo, queremos recomeçar juntos e na medida do possível naquilo que já está concedido, no número de pessoas para o ajuntamento, na celebração de funerais, que o façamos com dignidade e não deixando ninguém para trás, sobretudo motivando o bom-senso humano e pastoral”, enfatiza.
O bispo de Bragança-Miranda afirma a “atenção, respeito e cuidado, até pelo excesso de zelo de alguns”, mas sublinha o sentido de corresponsabilidade.
“É compreensível toda a questão, mas desejamos sinceramente, quanto antes, que seja possível esse retomar as celebrações comunitárias e litúrgicas com todos os cuidados”, assinala o responsável católico, destacando a necessidade de “ir com prudência e, como dizia o Papa, com este sentido da corresponsabilidade”.
PR/LS